ATA DA SEXAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 08.08.1997.

 


Aos oito dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Paulo Brum, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Reginaldo Pujol. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Qüinquagésima Nona Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Garcia, o Pedido de Informações nº 124/97 (Processo nº 2352/97); pelo Vereador Cyro Martini, o Projeto de Lei do Legislativo nº 135/97 (Processo nº 2354/97);  pelo Vereador João Dib, o Projeto de Lei do Legislativo nº 136/97 (Processo nº 2360/97); pelo Vereador Luiz Braz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 140/97 (Processo nº 2392/97); pelo Vereador Nereu D'Ávila, os Pedidos de Informações nºs 125 e 126/97 (Processos nºs 2368 e 2388/97); pelo Vereador Paulo Brum, o Projeto de Lei do Legislativo nº 144/97 (Processo nº 2425/97); pelo Vereador Pedro Ruas, o Projeto de Lei do Legislativo nº 137/97 (Processo nº 2365/97); pela Vereadora Sônia Santos, 12 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 345/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 130/97, da Deputada Federal Yeda Crusius; 244/97, do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 307/97, do Senhor João Verle, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação; 533/97, do Senhor Luiz Pompeu Castello Costa, Subchefe da Casa Civil para Assuntos do Interior do Estado/RS; 685/97, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de Negócios, Substituto Eventual, da Caixa Econômica Federal; 839/97, do Senhor Luiz Carlos Bertotto, Secretário Municipal dos Transportes; 1222, 1385, 1392 e 1394/97, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS; s/nº, da Associação dos Moradores da Vila Campos do Cristal; s/nº, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer; s/nº, do Senhor Iradir Pietroski, Secretário de Estado do Trabalho, Cidadania e Assistência Social/RS, e do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente; Convites: da  Federação Gaúcha de Futebol e da Revista da FGF, para a festa de entrega do Troféu Oswaldo Rolla/Sul América aos Melhores do Gauchão-97; do Deputado Estadual João Luiz Vargas, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, para a solenidade de lançamento do primeiro volume da série Perfis Parlamentares Gaúchos - João Neves da Fontoura - Discursos Parlamentares, 1921-1928; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Fundação de Educação Social e Comunitária e da Secretaria Extraordinária para Captação de Recursos e Cooperação Internacional, para a entrega das primeiras instalações do Projeto Família: Apoio e Proteção.  A seguir, em TRIBUNA POPULAR, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Nilton Souza da Silva, representante do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre, que, discorrendo sobre as condições de trabalho da categoria que representa, solicitou da Casa o estudo de formas legais visando à criação, nos "Shoppings" desta Capital, de espaços destinados à instalação de refeitórios e creches para os comerciários e seus filhos. Às nove horas e dezoito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo reabertos, constatada a existência de "quorum", às nove horas e vinte minutos, iniciando-se o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram o Projeto de Lei do Executivo nº 70/96 e os Projetos de Lei do Legislativo nºs 67/97, este discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo, 123/97, este discutido pelos Vereadores Guilherme Barbosa e Cláudio Sebenelo, 124/97, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia e Renato Guimarães; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 21/97, discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o comparecimento dos Senhores José Fortunati, Vice-Prefeito do Município de Porto Alegre, e Anairton Ramon Delatorre, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, convidando-os a integrar a Mesa dos trabalhos. Após, nos termos do inciso I, do artigo 142 do Regimento, concedeu a palavra aos visitante. O Professor Anairton Ramon Delatorre discorreu sobre a importância do Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente, salientando ser Porto Alegre precursora na busca da concretização legal desse Estatuto. O Vice-Prefeito José Fortunati analisou a forma como a sociedade atual trata de questões relativas aos menores carentes, salientando a necessidade de reformulação das leis referentes aos Conselhos Tutelares e solicitando o apoio da Casa ao Projeto de Lei do Executivo nº 36/97, referente a este assunto. Na ocasião, o Senhor Presidente, respondendo a Questão de Ordem suscitada pela Vereadora Maria do Rosário, prestou informações acerca da ordem de pronunciamento dos visitantes. Em prosseguimento, os Senhores José Fortunatti e Anairton Ramon Delatorre procederam à entrega, ao Senhor Presidente, do Projeto de Lei do Executivo nº 36/97 (Processo nº 2447/97), relativo à alteração da legislação municipal que rege os Conselhos Tutelares. A seguir, o Senhor Presidente  registrou a participação de todos os Vereadores da Casa na luta pela real implantação do Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente, declarando que este Legislativo estudará com a máxima atenção o projeto ora recebido. Às dez horas e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo reabertos, constatada a existência de "quorum", às dez horas e seis minutos. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento do Vereador José Valdir, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na Vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Também, o Senhor Presidente solicitou uma salva de palmas ao Vereador Guilherme Barbosa, face ao transcurso do aniversário de Sua Excelência. A seguir, informando que terá de se ausentar da presente Sessão, a fim de participar, em representação externa deste Legislativo, da inauguração do "Jardim do Sol do Strip Center", o Senhor Presidente, Vereador Clovis Ilgenfritz, solicitou ao Vereador Isaac Ainhorn que assumisse a direção dos trabalhos. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando alteração na ordem de votação da matéria a ser apreciada durante a Ordem do Dia. Também, a Requerimento verbal do Vereador Lauro Hagemann, deferido pelo Senhor Presidente, foi realizado um minuto de silêncio face ao falecimento do Engenheiro Químico Milo Raffin. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia manifestou sua contrariedade face à extinção da Caixa Econômica Estadual. Também, criticou a possibilidade do aumento tarifário do transporte coletivo desta Capital. A Vereadora Clênia Maranhão reportou-se ao discurso do Vereador Carlos Garcia, no tocante ao reajuste das tarifas de transporte coletivo, salientando o prejuízo que tal medida acarretaria aos usuários. O Vereador Nereu D'Ávila discorreu sobre as denúncias divulgadas pela imprensa acerca de irregularidades no Departamento Estadual de Transportes - DETRAN, analisando a necessidade da completa apuração dos fatos denunciados. O Vereador Gerson Almeida teceu comentários relativos às denúncias de possíveis irregularidades no DETRAN, declarando que já tinha conhecimento dos fatos denunciados e solicitando a completa investigação sobre o assunto. O Vereador João Dib salientou a importância do estabelecimento da verdade em relação às denúncias proferidas acerca do DETRAN, lembrando fatos denunciados com referência a possíveis irregularidades a nível municipal, os quais até hoje não foram averiguados. Na ocasião, o Vereador Gerson Almeida, em Questão de Ordem, requereu informações à Mesa acerca de dados referidos pelo Vereador João Dib em seu pronunciamento. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz indagou o motivo dos jornalistas do nosso Estado ainda não terem feito manifestações sobre as denúncias de irregularidade no DETRAN. Questionou o aumento de desconto do seguro obrigatório que os funcionários municipais sofreram em seus vencimentos. O Vereador Cláudio Sebenelo pronunciou-se favoravelmente à realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, no Legislativo Estadual, destinada a apurar  possíveis  irregularidades  no<D> DETRAN. Manifestou-se contrariamente a procedimentos adotados pela administração do PT quanto à elevação das tarifas nos transportes coletivos urbanos. Após, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e apregoado Requerimento da Vereadora Sônia Santos, solicitando Licença para Tratamento  de  Saúde  no período de um a quatro de agosto do corrente. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 70/97, por dezessete votos SIM, seis votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Isaac Ainhorn, Décio Schauren, Cláudio Sebenelo, Antônio Losada, Maria do Rosário, Luiz Braz e Maristela Maffei, sendo submetido à votação nominal por solicitação dos Vereadores Isaac Ainhorn e Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Renato Guimarães e Maristela Maffei, Não os Vereadores Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Tereza Franco, e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Carlos Garcia e Pedro Américo Leal. Durante a apreciação deste Projeto, os Vereadores Cyro Martini e Guilherme Barbosa cederam seus tempos de discussão ao Vereador Juarez Pinheiro, os Vereadores Tereza Franco, Paulo Brum e Reginaldo Pujol cederam seus tempos de discussão ao Vereador Isaac Ainhorn, a Vereadora Maristela Maffei cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Décio Schauren e o Vereador Gerson Almeida cedeu seu tempo de discussão à Vereadora Maristela Maffei. Na ocasião, o Vereador Décio Schauren formulou Questão de Ordem relativa à existência ou não de cópias de consultas à população junto aos autos do Processo nº  1279/97. Após, foi aprovada a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 70/97. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Gerson Almeida, solicitando a alteração na ordem dos trabalhos, Requerimento este encaminhado à votação pelo Vereador Reginaldo Pujol.  Também, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Suplente Nede Soares, do PSDB. Em verificação de votação efetuada por solicitação do Vereador Reginaldo Pujol, foi aprovado o Requerimento nº 180/97 (Processo nº 2446/97 - Moção de Apoio à proposta de Deputados Estaduais de abertura de CPI para averiguar denúncias relativas ao DETRAN), de autoria do Vereador Gerson Almeida, por dezenove votos SIM e um voto NÃO, após ter sido aprovado em sua votação simbólica, tendo sido encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Pedro Ruas, Cláudio Sebenelo, João Dib, Carlos Garcia, Gerson Almeida, Luiz Braz e Fernando Záchia, votando Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Maristela Maffei e  Não  o  Vereador Fernando Záchia. Na ocasião, foi  aprovada  a  prorrogação dos trabalhos  da presente Sessão, por dezenove votos SIM, um voto NÃO e uma ABSTENÇÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Maristela Maffei, votado Não o Vereador Luiz Braz e tendo optado pela ABSTENÇÃO o Vereador João Dib. Em continuidade, foram aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 174/97 (Processo nº 2374/97 - Período de Comunicações destinado a homenagear a Semana da Pátria), de autoria da Mesa Diretora e Lideranças; de nº 175/97 (Processo nº 2375/97 - Sessão Solene destinada a homenagear os duzentos e vinte e quatro anos da Câmara Municipal de Porto Alegre),  de autoria da Mesa Diretora e Lideranças; de nº 182/97 (Processo nº 2449/97 - realização de Sessão Ordinária nos altos do Mercado Público), de autoria da Mesa Diretora. Ainda, foi apregoado o Requerimento nº 177/97 (Processo nº 2394/97 - Moção de Solidariedade ao Deputado Estadual Beto Albuquerque pelos seus pronunciamentos e providências acerca da autarquização do DETRAN/RS), de autoria do Vereador Cyro Martini, que foi encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Cyro Martini. Na oportunidade, o Vereador Reginaldo Pujol formulou Questão de Ordem quanto ao teor dos pronunciamentos do Deputado Estadual Beto Albuquerque, referidos no Requerimento acima, solicitando a juntada dos mesmos aos autos do processo.  Às treze horas e quarenta e sete minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum, Guilherme Barbosa e Carlos Garcia. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos  à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Nilton Souza da Silva, representando o Sindicato dos Empregados  no Comércio de Porto Alegre, está com a palavra pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. NILTON SOUZA DA SILVA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos utilizando a Tribuna Popular pela primeira vez em função de que, há mais de 20 anos, os comerciários estão recorrendo aos Executivos Municipais, desde a época do Prefeito Alceu Collares, passando por Olívio Dutra e Tarso Genro e, agora, Raul Pont, e  não vêem a  sua reivindicação ser atendida. Enviamos ofício, há mais ou menos 60 dias, ao Gabinete do Prefeito para discutir o assunto e até hoje não veio resposta, nem dizendo que não, nem dando uma  justificativa qualquer. Os comerciários não tiveram outra alternativa senão recorrer ao Legislativo, aos Srs. Vereadores. Porque entendemos que esses grandes complexos instalados em nossa Cidade, congregando de mil e 500 a dois mil trabalhadores,  necessitam de recursos da Prefeitura, de nossos impostos, para as suas instalações. Porque tem que haver duplicação de ruas, ampliação da rede cloacal, ampliação da rede hidráulica, tem que haver sinalizações do trânsito, sem falar o transtorno causado em épocas de grande movimento nas suas adjacências.  Então, há recursos investidos de nossos impostos, recursos da Prefeitura. E não é exigido, quando da liberação das suas edificações, nem sequer ouvir os trabalhadores, já que passam lá mais de 49, 50 horas semanais, conforme levantamento feito em 1993 pelo IBGE. A categoria comerciária é a que mais jornada de trabalho faz no nosso País.

 Então, pensando nisso, o Sindicato tem uma reivindicação, encaminhada pela diretoria, de que a Câmara de Vereadores estude a possibilidade de que, no Plano Diretor - ou uma outra forma legal -, se crie um espaço nos “shoppings” de Porto Alegre para a construção de refeitórios para os trabalhadores e creches para as mães comerciárias, em função dos baixos salários auferidos hoje aos trabalhadores, pois estamos há um ano sem reposição devido ao plano econômico implantado no País há três anos e sabemos da dificuldade, em função da carga horária dos trabalhadores, de ter uma creche disponível dentro desse horário. Um “shopping” funciona das 10h às 22h e, normalmente, uma creche funciona, no máximo, até as 19h ou 19h30min. O Sindicato tem uma experiência nesse âmbito, porque temos uma creche no nosso prédio que funciona dentro do horário que a categoria necessita, indo até as 22 horas.

Então, pelo investimento, pelos recursos que são gerados dentro desse “shopping”, acho que há condições de também se pensar no caráter social, que seria o retorno dos investimentos feitos pela Prefeitura. Eu acredito nisso. Acho que há possibilidade. Inclusive,  já estivemos conversando com a direção do SESC. Se houver o espaço, eles têm interesse em implantar o refeitório; quanto à creche, há o interesse do Sindicato em implementá-la.

Tivemos uma discussão há tempos atrás sobre a questão da cobrança do estacionamento dos “shoppings”. Se acontecer a cobrança, pode-se destinar parte dos recursos para implementação disso. Acho que há formas de viabilizar. Também é importante, todas as vezes que se edificar um prédio dessas dimensões, que vai congregar ali dois ou três mil trabalhadores, se ouvir, no mínimo, a entidade representativa para ver se ela tem sugestões. Nós temos o caso do Praia de Belas. Nos dias de alto pico, passam por lá 60, 70 mil pessoas, e existe apenas um banheiro, o que causa enormes filas.

 São coisas que acontecem na nossa Capital, às vezes por falta de informação, por falta de interesse ou havendo outros interesses por trás. Não é possível! Há oito anos, nós estamos reivindicando, junto à Prefeitura, condições para que, no caso da construção de outros “shoppings”,  haja discussão com o Sindicato, com os trabalhadores, para ver da possibilidade de viabilizar a construção de um refeitório e de uma creche.

 Quisemos trazer essa reivindicação à Câmara Municipal de Porto Alegre para que ela seja encaminhada. Muito obrigado. (Aplausos.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Indagamos se algum Vereador, em tempo de Liderança, quer-se manifestar a respeito do assunto em pauta. (Pausa.) Não havendo nenhum Vereador inscrito, encerramos o período de Tribuna Popular e agradecemos a presença do Sr. Nilton Souza da Silva. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.                             

 

(Suspendem-se os trabalhos às 09h18min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 9h20min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos ao período de

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3095/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 070/96,  que autoriza a desafetação do uso especial de imóvel do domínio público municipal, e sua alienação aos lindeiros, independente de licitação, e dá outras providências.

 

PROC. 1270/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos estacionamentos particulares cobrarem 50% (cinqüenta por cento) do valor do estacionamento a deficientes físicos.

 

PROC. 2008/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 123/97, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que acrescenta § 3º ao art. 1º e dá nova redação ao art. 2º da Lei nº 7594, que disciplina a venda de óleo lubrificante em estabelecimentos varejistas e de serviços.

 

PROC. 2009/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 124/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que institui linha de serviço de lotação com terminal no Bairro Belém Velho.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 1947/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 021/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que altera a redação dos incisos I dos artigos 147 e 148 da Resolução nº 1178, de 16 de julho de 1992, com as alterações das Resoluções nºs 1232, de 25 de abril de 1994, e 1250, de 30 de agosto de 1994, acrescentando-se parágrafo único em ambos (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). (leitura de trecho da Bíblia no início das Sessões Ordinárias)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há na Pauta um projeto de minha autoria que modifica lei em vigência, também de minha autoria, que disciplina a venda de óleos lubrificantes em estabelecimentos varejistas. É importante, primeiro, abordar a razão da própria lei. Todos nós percebemos, de uns três anos para cá, que foi crescente a venda e o número de estabelecimentos, principalmente supermercadistas, em nossa Capital, comercializando óleos lubrificantes nesses locais. Evidentemente que para o usuário foi uma coisa importante, porque o preço do litro é bem mais barato daquele que encontramos nos postos de combustível e nos locais que fazem a troca. Esse processo terminou trazendo uma indefinição, porque há uma pergunta que caberia ser feita, e a fiz na época, que é a seguinte: quando o proprietário de veículo adquire três ou quatro litros de óleo para colocar no seu carro para fazer a troca, o que é que ele faz com óleo usado? Se ele vai num posto de combustível, vão-lhe cobrar por esse trabalho, mas se ele quiser fazer a troca em sua residência vai ter um problema na mão, que é o óleo usado.

Uma reportagem que saiu no jornal “Zero Hora”, naquele período, mostrou que algumas pessoas que compravam óleo de supermercado terminavam fazendo um buraco no chão e colocando ali o óleo usado. Ruim seria a colocação do óleo usado na rede pluvial, porque, além de deteriorar a rede pública de coleta da água de chuva, iria, também, aumentar a poluição de nossas águas - riachos e rio Guaíba. Se vai no solo, também polui o solo, com possibilidade de poluir o lençol freático. Portanto, uma situação complicada. Por outro lado, a SMAM fiscaliza  os postos de combustível, locais onde há troca de óleo. Esses locais são obrigados a recolher o óleo usado e depois vender. O óleo usado é vendido e reprocessado. Esse processo chama-se “rerrefino”. Portanto, economizamos o próprio petróleo, energia e evitamos a poluição do meio ambiente com essa fiscalização que a Secretaria do Meio Ambiente faz nesses locais. Então, haveria , nesse processo, um furo, que seria no supermercado, sem se saber onde o usuário colocaria o óleo usado.

A minha lei - evidentemente que não proíbe a venda do óleo; ao contrário, é um processo bom, mais barato - determinou que o estabelecimento que passasse a vender óleo combustível deveria ou ter um local próprio para troca ou convencionar-se com o local indicado para fazer a troca e avisar isso ao cliente. A lei foi aprovada, parece-me que por unanimidade nesta Casa, e implementada. Mas alguns estabelecimentos começaram a,  literalmente, dar um drible na lei, Ver. Paulo Brum. Por exemplo, a rede Zaffari, que tem um local próprio de troca - supermercado Bourbon, na Assis Brasil -, resolveu dar uma de sabida, ou seja, a loja na Av. Cavalhada avisa aos seus clientes que está disponível e gratuita a troca no supermercado Bourbon. Então, alguém que compra o óleo...  lá, na Av. Cavalhada, tem disponível a troca na Assis Brasil, evidentemente que inviabilizando a lei.

Então, este Projeto que está na primeira Pauta é exatamente para fechar essa porta, determinando que  o local conveniado, porque o local próprio vai ser ao lado do supermercado, necessariamente tenha que ser no mesmo bairro da loja que está vendendo o óleo lubrificante, fechando, portanto, essa malandragem que algumas vezes estavam fazendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queria, nestes cinco minutos que me são concedidos, me referir a alguns projetos, entre eles, ao do Ver. Guilherme Barbosa, sua importância, na medida em que ele disciplina a venda de óleos combustíveis e que o óleo combustível, além de ir para o esgoto pluvial, se enterrado,  passa a contaminar o lençol freático e, conseqüentemente, o sistema de água fica todo atingido. E, mais do que isso, o conforto das pessoas que adquirem o óleo combustível através de convênios que podem ser feitos nas proximidades do local onde foi vendido, isso eu acho da maior importância, porque dizer para o morador que ele vai ter que fazer o reabastecimento de óleo em outro bairro, numa distância muito grande, ele vai gastar mais óleo, mais combustível, vai poluir mais.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Cláudio Sebenelo, obrigado pelo apoio. Só quero fazer uma correção em um detalhe: o óleo é lubrificante e não combustível.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Tem razão, Vereador. Isso é importantíssimo do ponto de vista do meio ambiente, do ponto de vista do consumidor e é muito importante para o vendedor, porque ele pode perder o cliente, quando ele pode fazer um convênio com as estruturas de abastecimento de combustível dos bairros e fazer próximo à residência daquela pessoa que comprou ou próximo ao local de venda. Então, eu quero me congratular com o Ver. Guilherme Barbosa pelo excelente Projeto que ele apresenta.

Por outro lado, quero dizer que tenho muita dúvida a respeito do Projeto do Ver. Reginaldo Pujol que dispõe sobre a obrigatoriedade de o estacionamento particular cobrar 50% do valor aos deficientes físicos. O problema, a alegada dificuldade de locomoção, é verdadeiro, mas eu tenho dúvidas, não sei se é bom ou ruim. Parece-me que é de extrema importância que esta Câmara discuta o Projeto para não haver um tipo de privilégio. Se é um problema de poder aquisitivo e não de impossibilidade de locomoção... Se for por esta última razão, sou totalmente a favor do Projeto; se for por problemas aquisitivos, teria que ser estendido a toda a população.

Por último, quero-me referir ao Projeto do Ver. Eliseu Sabino em relação à leitura da Bíblia no início das Sessões Ordinárias. Eu acho que, a vingar este Projeto, nós teríamos também o direito de ler o Alcorão e todos os livros básicos de todas as religiões. Parece-me que seria uma discriminação a leitura da Bíblia. Sou a favor da Bíblia, da leitura de Salmos, que são maravilhosos pelos ensinamentos, pelo conteúdo e solidez de propostas. Porém, do ponto de vista religioso, não podemos fazer nenhum processo de discriminação. Se pudermos evitar que seja feito qualquer tipo de discriminação religiosa, melhor. No momento em que vamos ler a Bíblia nas Sessões Ordinárias, a proposta é de lermos todos os livros básicos de todas as religiões e não de uma só. Neste momento, sou contra esse Projeto, porque se refere a uma só religião, o que me parece discriminador. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Conforme estava anunciado no espelho da Sessão anterior, temos a honra de estar recebendo a visita do nosso Vice-Prefeito e Secretário de Governo José Fortunati. Ele vem a esta Casa, numa especial deferência, para fazer a entrega do Projeto de Lei do Executivo referente à alteração da legislação municipal que rege os Conselhos Tutelares. É um projeto com um histórico de discussões. Inclusive temos a representação, nesse Conselho, da funcionária e colega Vera Ponzi. Também entre nós está o Presidente do Conselho, a quem convido a fazer parte da Mesa, o Sr. Anairton Ramon Delatorre.

     Com a palavra o nosso ilustre Vice-Prefeito.

 

 A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Pergunto se neste comparecimento, como fizemos nos anos anteriores, os nossos convidados, representando o Poder Público, o Poder Executivo, a sociedade e o Conselho Municipal, usarão do tempo e se o protocolo não pediria que o representante do CMDCA  utilizasse o tempo por alguns minutos antes do nosso Vice-Prefeito.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós podemos inverter a ordem das pessoas que irão falar.  A Mesa não estava  a par da questão.

O Sr. Anairton Ramon Delatorre está com  a palavra.

 

O  SR. ANAIRTON RAMON DELATORRE: (Saúda os componentes da Mesa.) Por muitas vezes ouvimos fazer referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente como uma lei do primeiro mundo, e  Porto Alegre é a precursora  desse processo, notadamente na realização de eleições diretas, com voto direto e facultativo dos cidadãos. Nas eleições de l992, tivemos, aproximadamente, 300 candidatos, que foram sufragados por 30 mil votantes. Em l995, tivemos cerca de 50 mil votantes e, aproximadamente, 500 candidatos, sendo que houve o envolvimento direto de diversos segmentos da sociedade, bem como a participação voluntária de juízes que nos auxiliaram na condução do processo eleitoral. Friso a fundamental importância do Legislativo Municipal nos processos eleitorais desenvolvidos, seja como membro efetivo da comissão eleitoral, seja como organizador de cursos preparatórios, juntamente com o Fórum de Direitos e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Desde a aprovação da Lei 6787, de 91, pelos edis desta Casa, e sancionada pelo então Prefeito desta Cidade, o CMDCA, conforme estabelece o art. 21 desta Lei, organiza, delibera e conduz as eleições dos Conselhos Tutelares. Como promotor e organizador da eleição, o Conselho Municipal vem reafirmar a opção pela eleição direta e facultativa como forma de indicação dos Conselhos Tutelares e convidou, juntamente com o Executivo Municipal, diversos segmentos que atuam nesta área a fim de colher sugestões para o aperfeiçoamento do processo eleitoral com o intuito de corrigir falhas, aprimorar o processo, bem como ampliar os requisitos, visando a aperfeiçoar e qualificar os candidatos ao cargo de Conselheiro. Do debate advieram várias sugestões, as quais estão sendo trazidas no dia de hoje.

O Projeto não é novo, mas toma nova forma, adaptando-se ao desenvolvimento e à agilidade do mundo atual. É oportuno enfatizar que o presente Projeto prevê o exercício do terceiro mandato, com início em novembro de 1998. Mas, por ser um ano eleitoral, não é recomendável e nem oportuno que tais eleições tenham coincidências. Para tanto, esperamos realizá-las em maio do próximo ano.

Srs. Vereadores, contamos com os Senhores e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento. Estamos entregando, neste ato, ao Sr. Presidente desta Câmara ofício do Conselho Municipal e a resolução que aprovou este encaminhamento. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. José Fortunati está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Meu caro Ver. Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, meu caro Ver. Paulo Brum, Secretário desta Egrégia Casa, meu caro Anairton Delatorre, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Vereadores, Vereadoras e demais participantes desta Sessão. O companheiro Anairton já teve a oportunidade de colocar com muita clareza as orientações que estamos procurando apontar para a legislação eleitoral em torno da escolha dos Conselhos Tutelares. É importante perceber, Srs. Vereadores,  que estamos chegando a um processo eleitoral que, a grosso modo, consolida a existência dos Conselhos Tutelares não somente em Porto Alegre, mas em todo o País. É necessário resgatar a história de todo um processo de cidadania que culminou com a aprovação dos Estatutos da Criança e do Adolescente no Congresso Nacional, momento histórico da maior importância, que qualificou a relação da sociedade com as crianças e adolescentes do nosso País. Com certeza, o chamado ECA, assim conhecido popularmente o nosso Estatuto da Criança e do Adolescente, passou a significar uma nova legislação, não somente moderna, mas muito mais humana no trato com as crianças e adolescentes. Começamos a ter parâmetros muito mais claros para que tanto o Poder Público como a sociedade civil pudessem olhar com maior carinho, com maior profundidade um problema que é de todos nós, Poder Público, parlamentos, sociedade civil. Antes do Estatuto, certamente, o tratamento adequado das crianças e dos adolescentes  dependia muito mais da boa vontade dos eternos abnegados, que, tanto no Poder Público quanto na sociedade civil, através das inúmeras entidades que compõem  o tecido social, não somente da nossa Cidade, mas do nosso País, precisavam desenvolver um trabalho sem terem parâmetros concretos, muitas vezes entrando em choque com o Poder Judiciário, com as forças policiais, entrando em choque com as instituições existentes.

A partir da definição do Estatuto da Criança e do Adolescente pelo Congresso Nacional, nós, indiscutivelmente, passamos a ter no Brasil uma das legislações mais modernas, mais atualizadas, mais humanas, refletindo um posicionamento onde a cidadania, sem dúvida nenhuma, cresceu de uma forma bastante qualificada. A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente, passamos  a contar com os Conselhos Municipais, Conselhos Estaduais e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Passamos a contar com o Fórum das Entidades, que passou a aglutinar todas as entidades que tinham como preocupação básica o atendimento da criança e do adolescente. E passamos a contar com a existência dos Conselhos Tutelares, um órgão que é composto por pessoas eleitas, democraticamente, pela própria comunidade.

Para se ter uma idéia, Senhoras e Senhores, há poucos dias recebemos em nossa Cidade a visita do Presidente da UNICEF, Agop Kayaian, que, numa série de assinaturas de convênios, tanto com o Governo do Estado quanto com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, neste caso, especialmente, na área da drogadização de crianças e adolescentes, o Presidente da UNICEF foi enfático, ele, que tem uma visão muito clara não somente no tratamento que se dá  à criança e ao adolescente no Brasil, mas em todo o mundo, pela sua experiência internacional. Ele destacou com bastante ênfase que o trabalho que vem sendo realizado na Cidade de Porto Alegre, Capital de todos os gaúchos, é um trabalho que deve ser elogiado por todos. É um trabalho que tem merecido por parte da UNICEF todo um carinho especial, um reconhecimento. E nós queremos afirmar que este reconhecimento se deve,  sim, em parte, ao Poder Público Municipal, mas temos a convicção que, acima de tudo, esse trabalho sério, abnegado, que vem apresentando frutos no nosso cotidiano, ele se deve, sim, à nossa Cidade, aos cidadãos que abraçam essa causa com muito amor, muita abnegação, muitos deles representados pelas entidades que hoje nos dão a honra de visitar esta Casa para a apresentação deste Projeto. Destaco o papel do Poder Legislativo Municipal, que tem cumprido o seu papel ao longo do tempo - de um lado, no acompanhamento das ações que a Prefeitura tem desenvolvido; de outro lado, na participação efetiva de todo o processo eleitoral dos Conselhos Tutelares. Esta Casa sempre contribuiu de uma forma muito dinâmica, muito democrática para que as eleições fossem as mais amplas possíveis.

Estamos entregando este Projeto que ora está sendo apresentado com a clara certeza de que esta Casa fará uma discussão forte, profunda e tranqüila, possibilitando que, em muito pouco tempo, possamos aperfeiçoar essa legislação tão importante para a terceira gestão dos Conselhos Tutelares. Não tenho dúvida de que esta Casa vai analisar com muito carinho este Projeto, projeto refletido, discutido, analisado e deliberado pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, que, através do seu Presidente Delatorre, acabou de entregar ao Presidente desta Casa a sua manifestação de apoio ao Projeto, que passou pelo Fórum das Entidades e que também foi submetido à apreciação de ampla comissão que contou com uma participação, inclusive, de Vereadores, da própria representação de Conselheiros Tutelares e de outras entidades que naturalmente querem contribuir para o aperfeiçoamento dos Conselhos Tutelares.

Não vou me aprofundar sobre o Projeto porque o companheiro já refletiu sobre algumas das proposições que estão sendo feitas, proposições que têm como preocupação básica o aperfeiçoamento do processo eleitoral, a qualificação ainda maior desse Conselho que, sem sombra de dúvida, acabou se tornando um Conselho de fundamental importância para a nossa Cidade. Temos convicção, como em todo o processo democrático, de que estamos num processo de aperfeiçoamento das nossas instituições e também  dos nossos Conselhos, e esse processo visa fazer com que, a partir desse processo eleitoral, esse Conselho Tutelar, que já tem demonstrado um serviço magnífico para a nossa Cidade,  possa se qualificar ainda mais para que nós tenhamos como um resultado final um Conselho ainda mais qualificado do que o que temos hoje. Eu tenho a certeza de que, se conseguirmos, através das normas, obter esse resultado, a Cidade, como um todo, especialmente as crianças e os adolescentes, muito irão agradecer.

Um pequena explicação sobre os limites desse Projeto. Havia, inicialmente, por parte tanto do Conselho Municipal do Direitos das Crianças, do Fórum das Entidades, do Poder Público Municipal, dos Vereadores que vinham participando dessa discussão, a intenção de apresentarmos um projeto global sobre os Conselhos Tutelares, mudando outros pontos extremamente importantes do funcionamento dos Conselhos Tutelares na nossa Cidade. Mas percebemos que, pela natureza complexa, polêmica, da matéria, nós deveríamos, na verdade, fazer uma separação desse grande projeto, colocando pela urgência que temos na aprovação da matéria para encaminharmos o processo eleitoral que, segundo o nosso entendimento, não deve coincidir com o processo eleitoral geral que irá acontecer no ano que vem. Nós destacamos a mudança da legislação no que cabe ao processo eleitoral. Mas, com isso, Srs. Vereadores, não queremos, de forma alguma, deixar de afirmar aqui, em alto e bom tom, que tanto o Poder Público Municipal, o Poder Executivo, quanto o Conselho Municipal, o Fórum das Entidades e todos os que vêm participando dessa discussão, que nós estamos assumindo o compromisso de que, num prazo curto de tempo, curto, mas que não atropele naturalmente a reflexão e as definições, nós estaremos apresentando a segunda parte dessa proposta de reformulação da legislação sobre os Conselhos Tutelares. Nós entendemos que essa globalidade é extremamente importante, mas, urge, sim,  acima de tudo,  que esta Casa dê agilidade especialmente a esse Projeto para que nós possamos, desde logo, e essa é competência nossa, começar a organizar um processo eleitoral que, como já foi destacado pelo nosso Presidente Anairton Delatorre, contou, no último pleito, com mais de 50 mil pessoas que participaram de uma forma ativa, com mais de 500 candidatos. Nós temos a convicção de que, certamente, nesse próximo pleito esse número se multiplicará, tanto em termos  da participação do cidadão quanto em termos de candidaturas. Por isso a necessidade de que o Poder Legislativo auxilie todas as entidades, auxilie o Poder Executivo, para que possamos, rapidamente, em cima de regras claras, transparentes, que sejam devidamente fixadas, começar a organizar esse importante pleito.

 Tenho a convicção, pela minha convivência em nível nacional com as questões da criança e do adolescente, com as questões que dizem respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, de que, com certeza, este Projeto de Lei que está sendo apresentado, sem sombra de dúvida, qualificará ainda mais o processo eleitoral dos Conselhos Tutelares.

Em nome do Prefeito Raul Pont, o que eu solicito, e tenho a certeza de que este é o pensamento desta Casa, não é só uma rápida análise, mas uma profunda análise para que o resultado final dessa análise contemple o interesse de todos que lutam para melhorar a qualidade de vida e as condições de vida das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, distintos amigos representantes da comunidade que hoje estão aqui conosco, inicialmente perguntei ao Líder da minha Bancada, Ver. Gerson Almeida - que seguramente teve uma participação intensa nas reuniões de Governo, como sempre participa das reuniões representando a Bancada, para discutir este Projeto, seus encaminhamentos -, perguntei se ele gostaria de falar algumas palavras e ele disse para eu falar porque daí há uma representação de todas as bancadas. Foi isso que ele me pediu. Achei que seria justo que ele falasse em nome de todos nós. Também queria citar, nosso ilustre Vice-Prefeito, o empenho desta Casa, através de todos os Vereadores, mas, em especial,  da Vera. Maria do Rosário, do Ver. Renato Guimarães e de um ex-Conselheiro, que é agora Vereador, o Ver. Eliseu Sabino.  Distingo esses três nomes sem prejuízo dos demais, sabendo que são tradicionais parceiros nessa luta cotidiana dos Conselhos.

 A nossa Casa já tem uma tradição de participação nesse assunto e é co-responsável, eu diria conivente - no bom sentido - com o Executivo e, em especial, com o movimento popular.  A Casa, Sr. Vice-Prefeito Fortunati e Sr. Anairton, tem uma participação muito interessante, muito forte e, às vezes, até polêmica, porque a Cidade de Porto Alegre foi pioneira no Brasil na instalação, eleições e encaminhamento desse processo, que é realmente novo no nosso País. É algo que a comunidade vem conquistando e vem afirmando num processo de busca de solução para  problemas que são emergenciais na nossa sociedade, que são resultados de políticas de segregação, de  falta de distribuição de renda neste País e de discriminação em muitos aspectos.

Hoje, estamos recebendo um Projeto do Executivo Municipal, em especial do Vice-Prefeito, Secretário de Governo, e do Sr. Anairton, que representam não só o Executivo, mas os Conselhos Tutelares, o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Ministério Público, a Corregedoria dos Conselhos Tutelares, a equipe técnica dos Conselhos Tutelares, todos os que estão aqui presentes e que são os co-responsáveis por esse processo. Caberá agora a nós, Vereadores, darmos continuidade à discussão e aprovação desse Projeto para que algumas questões que vinham sendo problemáticas, vinham sendo reclamadas, criando, às vezes, desencontros, contradições desnecessárias por falta de uma legislação mais apropriada com relação aos processos e, em especial agora, ao processo eleitoral dos Conselhos Tutelares, sejam solucionadas. 

Eu queria dizer ao Vice-Prefeito José Fortunati e ao Sr. Anairton, que representam esse conjunto todo de questões colocadas aqui, que, seguramente,  a Câmara vai dar a máxima atenção a esse processo. Para nós é importante salientar para a imprensa de Porto Alegre o que esse Projeto vai significar no encaminhamento das eleições dos Conselhos Tutelares. Tivemos, na  última eleição dos Conselhos Tutelares, mais de 500 candidatos inscritos, mobilizando a Cidade inteira, sobre esse assunto. Considero que é muito importante  a presença  do Vice-Prefeito, em nome do Executivo Municipal,  nesta Casa. Por outro lado, já citei antes, mas vou citar de novo, nós temos representante no Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente:  a nossa colega Vera Ponzi.

Com isso, nosso Vice-Prefeito, encerramos este momento, agradecendo a presença do Sr. Anairton e do Sr. Vice-Prefeito, e convido V. Exas. para que permaneçam aqui, porque nós vamos fazer uma rápida homenagem ao aniversariante Ver. Guilherme Barbosa. Ele não está aí, mas, enquanto ele  não chega,  eu quero  dizer  aos Srs. Vereadores que ontem distribuímos a todos os setores da Câmara, a todas as chefias, mais de 50 documentos sobre o nosso Plano de Metas e o relatório do primeiro semestre, que mostra que o Plano de Metas da Câmara 2000 foi cumprido em mais de 50% nesses primeiros seis meses. Vamos enviar cópias  também ao Prefeito e a todas as Secretarias de Governo, porque tenho certeza que isso facilita o encontro de informações entre a Câmara e o Executivo. Estamos também distribuindo um breve relatório sobre o projeto de informatização da Casa, Câmara 2000. Estamos fazendo cursos e abrimos vagas para mais 180 pessoas que até o dia 18 de dezembro poderão fazer esse curso; entre elas, os 33 Vereadores farão um curso de quatro horas por semana, durante três ou quatro semanas.

Queremos dizer que a Internet fez tanto sucesso nesta Casa, que já estamos com problemas de congestionamento nas nossas instalações. Então, o Sr. Lauro dá um recado especial – ele, que é o Coordenador do Serviço de Processamento de Dados -, para que haja moderação no uso da Internet. Caso isso não aconteça, teremos que estabelecer normas restritivas.

Vamos suspender a Sessão por um minuto para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h05min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 10h06min): Estão reabertos os trabalhos. Comunicamos que o Ver. José Valdir está em licença para tratamento de saúde e em seu lugar está assumindo a Vera. Maristela Maffei, que fará parte da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação.

Peço uma salva de palmas para o nosso aniversariante Guilherme Barbosa. (Palmas.)

Este Presidente precisa se retirar para uma representação. Convido o Ver. Isaac Ainhorn para assumir os trabalhos, pois nós vamos participar da inauguração do Jardim do Sol  Strip Center - ontem eu havia anunciado -, uma obra da Incorporadora Nelson Maltz. Estaremos lá, levando o abraço dos Vereadores e, em especial, dos engenheiros.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje é um dia bastante apropriado para discutirmos o Projeto do Ver. Carlos Garcia sobre a linha de táxi-lotação. Há dias atrás, discutimos aqui, também, projeto semelhante – igual, em última instância; apenas era outro itinerário -, do Ver. Reginaldo Pujol. Hoje, depois das notícias do DETRAN, é muito importante discutirmos essas questões.

Quero dizer ao Ver. Carlos Garcia - ele sabe que não é arrogância da minha parte - que discordo desse tipo de proposição. Eu creio que a instituição de linhas de lotação, pelas conversas que tive com outros Vereadores aqui nesta Casa, não se trata de um projeto de lei,  mas de discutir com as comunidades as suas demandas e reivindicações e fazer com que essas demandas cheguem ao Poder Público Municipal, até porque em Porto Alegre temos a Secretaria Municipal de Transportes, que pode ter suas insuficiências - e  creio que as têm, não tanto, evidentemente, quanto pensa o nobre Ver. João Dib -, e ela não será insensível para discutir essas questões. Também acho que a  criação de uma linha de lotação para a Restinga, para o Parque dos Maias e,  como agora, para o Hospital Parque Belém é necessária, se impõe pela conjuntura, pela demanda, pelas reivindicações. Digo, meu caro Ver. Carlos Garcia,  que inclusive corre um abaixo-assinado no Parque dos Maias  a partir da comunidade. Acho que a demanda de Belém, que é também conhecida minha, pode ser trabalhada  nesse sentido, ou seja, de nós organizarmos a comunidade e, em audiência com o Secretário, discutirmos a viabilidade ou não,  porque não se trata apenas de olhar para a demanda que existe, mas discutir a viabilidade.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador,  concordo com V. Exa. que linha de ônibus, linha de transporte público não se faz por lei, se faz por estudo junto à comunidade em frente às necessidades que possam existir.

 

O SR. ADELI SELL:  Portanto, caro Ver. João Dib, já quero declarar que vou votar contra qualquer projeto de linha de lotação ou de ônibus.  Quero discutir isso com a comunidade. Acho que se pode e se deve, como Vereador, não apenas se preocupar com lei, com indicação, com pedido de informação e pedido de providências.  Há outras formas de agir por parte de um Vereador e, por isso, creio que devemos, Ver. Carlos  Garcia,  discutir com a comunidade. Se V. Exa. quiser um apoio concreto deste Vereador, eu farei todos os esforços para marcar uma audiência com a Secretaria Municipal de Transportes e, junto com V. Exa., mobilizar a comunidade, porque acho que esta é a forma correta de resolvermos esses problemas das linhas. Se houver - espero que não haja e creio que não há - insensibilidade do Poder Público Municipal,  vamos, evidentemente, com toda justeza, somar-nos à pressão justa que existe, até porque acredito que essas questões, repito, devem ser discutidas com a Secretaria Municipal de Transportes. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  O Ver. Carlos Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr.  Presidente e Srs. Vereadores, vamos discutir o assunto levantado pelo Ver. Adeli Sell. Queremos trazer de pronto o nosso total desagrado pelo aumento da tarifa do transporte coletivo que, a partir de domingo, vai fazer a população de Porto Alegre tirar mais um dinheirinho do bolso.

 Por que entramos com este Projeto de Lei?

Ficamos muito contentes em saber que o Ver. Adeli Sell vem somar-se a nós. Ver. Adeli, fizemos várias reuniões com a comunidade, com alguns moradores do Bairro Glória, inclusive com diretores do Hospital Parque Belém, e levamos um abaixo-assinado ao Sr. Secretário dos Transportes e,  infelizmente, foi negado. Então,  entramos com o Projeto de Lei para tentar sensibilizar o Sr. Secretário Municipal dos Transportes. Talvez, um projeto desta Câmara possa tornar o Secretário Municipal mais sensível, porque não o foi naquele momento. Também, Ver. Adeli Sell, entramos com um pedido ao Sr. Governador  para que a Via do Trabalhador, que hoje termina na Restinga, tenha o seu terminal no Hospital Parque Belém. As justificativas são as mesmas: o Hospital Parque Belém, hoje, atende, aproximadamente, 20 mil pessoas, grande parte delas oriunda de cidades da Grande Porto Alegre. Por isso, entendemos que, além desse lotação, é importante o terminal da Via do Trabalhador ser transferido. Desde já agradecemos a sua adesão a esse lotação.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Carlos Garcia, a proposição para que o transporte,  pela Via do Trabalhador,  vá até o Hospital Parque Belém acho correta, como também acho correto o lotação. Há uma demanda também da comunidade para discutir a viabilização de linhas de ônibus que vêm da Restinga. Com adequações, fiz essa demanda junto à Secretaria. Eu não sabia que houve negativa da Secretaria em atender essa demanda, mas, mesmo assim, quero dizer que acho que não cabe um projeto de lei. Deveríamos, de comum acordo, fazer um novo pedido de audiência, rediscutirmos essa questão com a Secretaria e tomarmos todas as medidas cabíveis nesse sentido.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Ver. Adeli Sell, de antemão, eu lhe afirmo que, no momento em que sentarmos novamente com o Secretário e ele, pelo menos, manifestar que vai estudar o quanto antes isto aqui, serei o primeiro a retirar este Projeto. Entendo, como o Ver. João Dib colocou, que este Projeto deveria ser do Executivo, mas quando foi discutido na região da Glória, foi levado o abaixo-assinado, e não houve a sensibilidade. Pode ser que, através de uma via indireta, que é a Câmara de Vereadores,  o Poder Executivo se sensibilize.

   É isso que estamos solicitando e esperamos que, como hoje é o primeiro dia de Pauta, nas próximas Sessões este assunto possa ser mais amplamente discutido. É inegável: existe a necessidade de, naquela região, ter mais ônibus e uma linha de lotação. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores, uso a Pauta para debater a proposição do Ver. Carlos Garcia. No debate que fizemos do Plurianual, tivemos que enfrentar essa questão de, por iniciativa legislativa, deliberar sobre a implantação  de linhas de lotação e de ônibus na Cidade. Assim, sem sombra de dúvida, há necessidade de se fazer uma profunda discussão sobre o sistema de transporte coletivo que envolva táxi, ônibus, lotação. Há necessidade de se fazer o controle desses serviços no sentido de que, cada vez mais, o controle do transporte coletivo de Porto Alegre seja público, não privado. Digo isso porque a Secretaria Municipal dos Transportes vem anunciando que enviará a esta Casa um projeto que trata do sistema municipal de transporte público. É nesse espaço, é na discussão sobre esse projeto que nós vamos ter que enfrentar a questão da necessidade de novas linhas de ônibus, de lotação, a concessão dessas linhas, a licitação sobre a concessão dessas linhas etc.

No meu ponto de vista, as proposições sobre criação de linhas de ônibus são proposições da iniciativa do Executivo, não da iniciativa do Legislativo. Aí volta a esta Casa o seguinte debate: qual é o papel do Vereador na Cidade? O papel do Vereador  na Cidade é fazer proposições que, na realidade, são do Executivo ou é abrir o debate sobre essas grandes questões? Há necessidade de se fazer o debate sobre o sistema municipal de transporte público e sobre o controle desse mesmo transporte. A iniciativa de criação de linha de ônibus, de linha de lotação, não cabe ao Vereador.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Renato Guimarães, realmente, eu já havia dito que linhas de transporte público não devem ser feitas por lei, até porque, depois, não poderiam ser alteradas e já há muito tempo isso vem acontecendo. Mas eu devo dizer que a Secretaria Municipal dos Transportes é irresponsável, é incompetente. Regulamenta o irregulamentável. Então, é difícil parlamentar com esse tipo de gente.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Aqui, nesta Casa, há um problema sério no debate sobre a crítica. O Ver. João Dib coloca uma crítica à Secretaria Municipal dos Transportes, que é da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Ele diz: “Vamos abrir o debate com a Secretaria quando vier para cá a proposição do sistema municipal de transportes”. Em contrapartida, setores da oposição desta Casa que têm representação em outros espaços de governo, como no Estadual e no Federal, quando são criticados, simplesmente respondem que as críticas que a Bancada do Partido dos Trabalhadores faz são críticas que vão contra a modernidade ou que são críticas inconseqüentes. Eu gostaria de registrar aqui que se faz necessário, sim, ouvir críticas e saber respeitá-las, entrar no debate real das críticas, e não desfazê-las, dizendo que são inconseqüentes e irresponsáveis. Do meu ponto de vista, hoje há um desgoverno no nível federal e no nível estadual. Só que os representantes desses governos aqui, na Casa, simplesmente não ouvem as críticas e, quando respondem a elas, dizem que são inconseqüentes e irresponsáveis. Agora, a Bancada do Partido dos Trabalhadores está aberta para receber críticas sobre o seu Governo no Município, encaminhar e abrir o debate.

Espero que seja essa a intenção dos Vereadores de oposição: tentarem contribuir para uma Cidade melhor. Também quero contribuir para um Estado melhor  e para um País melhor. E aí sim, nesse momento, tenho que apresentar muitas críticas ao Governo Federal, do PSDB, e ao Governo Estadual, do PMDB. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Solicito a inversão da  Ordem do Dia no sentido de que o PLL 070/97 seja  apreciado em primeiro lugar.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Juarez Pinheiro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. LAURO HAGEMANN (Requerimento): Peço licença à Casa para prestar uma singela homenagem a uma figura falecida ontem, que vai ser enterrada daqui a pouco. É o Engenheiro Químico Milo Raffin, uma figura notável dos meios científicos da Cidade, preocupado com o meio ambiente, sobretudo com uma questão importantíssima para Porto Alegre: a questão da qualidade da água.

Requeiro um minuto de silêncio em homenagem à memória de Milo Raffin.

 

O SR. PRESIDENTE:  Está deferido, Vereador.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fizemos agora um minuto de silêncio e eu queria aproveitar este minuto de silêncio para manifestar a minha insatisfação, já que não posso alterar, porque hoje o Banrisul assume a Caixa Estadual. No jornal diz o seguinte: “A partir de hoje as agências da Caixa Econômica Estadual são, oficialmente, do Banrisul. Os gerentes receberam determinação para que só abram as portas das agências depois de instalar nas fachadas as faixas com o símbolo e o nome Banrisul”. A nossa agência já é do Banrisul, e eu vou usar o tempo de Liderança para fazer o meu minuto de silêncio contra essa atitude do Governo do Estado.

 

(Faz um minuto de silêncio.)

 

Dizem que quem cala consente, mas neste caso quem cala manifesta indignação.

 A minha segunda indignação, na manhã de hoje, é contra o aumento das tarifas de ônibus de Porto Alegre.  O Sr. Prefeito Raul Pont assinou, ontem à tarde, o decreto que reajusta em 8,33% o valor das tarifas de ônibus em Porto Alegre. O Sindicato das Empresas tinha pedido 17%.

 Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em fevereiro, a passagem do transporte coletivo em Porto Alegre era de 55 centavos. Subiu para 60 centavos, com aumento de 9,09%. A partir deste domingo, vai subir mais 8,33% - vai passar para 65 centavos. De fevereiro para este domingo, a passagem em Porto Alegre subiu 18,18%. Eu gostaria de saber qual a classe deste País que ganhou um aumento de 18,18%! Foi a categoria da Associação do Transporte de Passageiros de Porto Alegre. Essa, sim, ganhou 18,18%!

O meu segundo minuto de protesto, hoje, vai para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que concedeu esse reajuste. Infelizmente, nasceu aqui nesta Casa algo que deveria ser do Executivo.   

 

(Faz um minuto de silêncio.)

 

 Custa-me indignar, mas não posso aceitar passivamente algumas coisas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra em tempo de Liderança.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a exemplo de outros Vereadores que aqui já se pronunciaram, eu acho que nós não poderíamos deixar passar em branco este fato na área financeira de Porto Alegre que atinge 85% da camada dos trabalhadores da nossa Cidade. O fato de a Câmara Municipal de Porto Alegre ter aprovado uma lei que permitia esse aumento coloca, evidentemente, para esta Casa uma parcela da responsabilidade deste reajuste inadequado à situação econômica dos trabalhadores e da população, porém eu acredito que é legítima a indignação dos Vereadores e a expressão  dessa indignação, porque a lei que permitiu o aumento das passagens, derrotando a Lei Záchia,  não foi aprovada por unanimidade.

Os argumentos que nós usávamos, a resistência que nós tentamos imprimir aqui dentro contra a aprovação daquela lei era porque, efetivamente, nós sabíamos que o reajuste aconteceria com uma enorme brevidade. E foi exatamente isso que aconteceu. Os Vereadores que lutaram contra esse aumento têm o direito e a responsabilidade de colocar para a população de Porto Alegre que nenhuma categoria profissional sofreu um reajuste salarial equivalente ao aumento dos transportes imposto a nossa população em Porto Alegre. Eu acho que quem luta pelo direito dos trabalhadores tem a obrigação de estar indignado com esse aumento.

Eu queria trazer uma outra questão, referente também a isso, que está originando um Projeto de Lei que estou apresentando hoje e que se refere também à questão dos transportes. Todos nós sabemos que, desde 1985, por uma lei federal, foi instituído o vale-transporte. Em nossa Cidade foi criado um outro mecanismo, intitulado  “passe antecipado” - o Ver. Isaac Ainhorn está me dizendo que foi o autor desta lei.  Eu acho que o passe antecipado tem uma questão extremamente positiva, porque ele pode ser vendido em 10, 20 ou 50, o que facilita a compra para as pessoas que não têm condições de adquirir o conjunto das cartelas para o mês.  Porém, a lei aprovada por esta Casa foi num período de inflação acelerada e que, pelo que posso entender, tinha a finalidade de evitar a especulação. A realidade financeira hoje é diferente e há um prejuízo efetivo para os consumidores, tendo em vista que, quando o consumidor passa mais de 60 dias para fazer a troca desses passes, ele tem que pagar um reajuste. Isso fere o Código de Defesa do Consumidor no seu art. 51, inc. IV.

 Eu estou, então, apresentando aos Srs. Vereadores, para análise e aprovação desta Casa, uma lei que regulamenta e evita que o usuário do sistema coletivo, que já foi prejudicado por esses aumentos acima da inflação, seja também prejudicado na hora da troca do passe antecipado, tendo que pagar uma complementação. Acho que isso não tem nenhum sentido. O próprio Vereador autor desse Projeto está reafirmando isso. Essa iniciativa que estou trazendo vou, inclusive, solicitar aos Srs. Vereadores que possa tramitar nesta Casa com a maior brevidade, tendo em vista que a população já foi vítima desse aumento de 8,3% e que se, além disso, ainda quiser trocar o seu passe antecipado, pagando o reajuste, ela será duplamente penalizada. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)                                                                                                                                                                     

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o grande assunto do Rio Grande do Sul de ontem para cá é a questão do DETRAN. Uma denúncia do jornal “Correio Brasiliense” trouxe questões gravíssimas referentes à instauração do  novo DETRAN. Tenho por pauta e por conduta - sem nenhuma relação com quem também tem, mas apenas estou reafirmando - buscar sempre nos fatos não o sensacionalismo, nem a demagogia, nem tirar dos fatos ilações que os comprometam. Ou seja: eu gosto de tratar as coisas com bastante seriedade justamente para não ficar na denúncia vazia.

As denúncias do “Correio Brasiliense” não me impressionaram tanto, porque não podemos jogar nomes de prestígio do Rio Grande do Sul, nomes que respeitamos, simplesmente ao sabor de irresponsabilidades afoitas. Mas me refiro à coincidência ou ao fato de que anteriormente, em fins do ano de 95, início do ano de 96, um deputado muito respeitado nesta praça, Deputado Beto Albuquerque, levou ao Ministério Público esses fatos que agora foram agravados com mais denúncias. Então não é algo que se possa dizer, que o Sr. Karan é um irresponsável ou isso e aquilo. Não vou me referir a esse cidadão, mas ao Ministério Público, e se a competente autoridade do Ministério ainda não ofereceu a denúncia agora o fará. Então, antecedem os fatos as denúncias do “Correio Brasiliense”. E ouvi quatro, cinco vezes, desde ontem, o Secretário Eichenberg, por isso estou com os fatos atualizados.

Mesmo que haja atenuantes, exageros nesta denúncia, há fatos que devem ser apurados sob pena de grave irresponsabilidade das autoridades. Há acusações relativas a grupos paulistas que, deixando de receber por auditorias, ou por consultorias, polpudos honorários, aqui,  no Rio Grande, se propuseram a fazer um serviço. Isso não é um crime, mas deve ser investigado; que as mesmas pessoas que conceberam o plano executem esse plano -  Banco Itaú, Rede Globo, Volvo e outras grandes empresas estão ligadas a consórcios que estão concorrendo para resultados que envolverão acima de um bilhão de reais, quando essas questões serão exploradas no DETRAN a partir do ano que vem.

Diante da realidade dos fatos, nem o jornalista responsável deixou de achar graves as denúncias. O mínimo que se pode fazer é esclarecê-las para a opinião pública.  Há um emaranhado de informações. A opinião pública fica perplexa, porque não é fácil de entender a questão. O que se entendeu é que há uma grande fatia, enorme fatia de ganhos que estão sendo transferidos à iniciativa privada não só em carteiras, mas em inspeção veicular, algo que é novidade e que envolve questões pouco esclarecidas. 

Notem que eu não procurei fazer ilações, mas que os fatos são graves ninguém pode negar. O Rio Grande amanheceu hoje sob o impacto das primeiras páginas de todos os jornais trazendo esta matéria. Há  um deputado, do meu partido, Pompeo de Mattos, que quer uma CPI. Acho que ela é perfeitamente factível. Se no nosso Governo Collares foi feita uma enorme CPI  para se chegar a nada e havia menos fatos, com esses fatos publicados agora,  no mínimo, impõe-se o esclarecimento total para que o Governo não fique eivado de insinuações maldosas. Mas que há fatos a averiguar, não há dúvida nenhuma. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, manifestar a nossa posição quanto aos graves episódios que têm sido amplamente noticiados e divulgados pela imprensa brasileira. Não quero falar nisso sem antes dizer que lamento que tenha sido um jornal de Brasília, pela primeira vez, a dar vazão a essas denúncias que já vêm sendo colocadas  há muito tempo. A situação é bastante grave, porque as denúncias  relacionam pessoas da mais alta hierarquia pública, com responsabilidades muito grandes, não apenas na questão do chamado novo DETRAN, como colocou o Ver. Nereu D'Ávila, mas pessoas que estão organicamente vinculadas a todo o processo de privatizações em curso no Estado do Rio Grande do Sul.

O Sr. Assis, Secretário Estadual de Minas e Energia, é pessoa chave no processo de privatização da Companhia Rio-grandense de Telecomunicações, um dos maiores patrimônios públicos, e é pessoa chave no processo de preparação da privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica, megaempresa sobre o controle de sua Secretaria. As denúncias publicadas ontem - e não desmentidas no que toca a essa questão - o envolvem diretamente com um grau de parentesco entre uma das três empresas beneficiárias sem nenhum processo de licitação, é bom que se ressalte.

Esta é uma questão séria e grave que envolve os gaúchos porque naturalmente que, a partir de denúncias como essa - e não mais apenas da disputa política daqueles que concordam politicamente ou filosoficamente com a privatização ou não, setores estratégicos da economia... Não é isso que estamos discutindo, mas sim um processo feito de transferência de patrimônio público para pessoas e empresas privadas, ou seja, beneficiando claramente um segmento em detrimento do interesse público já que, no caso do DETRAN, está bem claro, porque não só aumentou vertiginosamente todos os custos de serviços, como nos outros casos - CRT, CEEE - também  podemos “ficar com a pulga atrás da orelha” se o processo de privatização, de entrega desse patrimônio público é algo filosoficamente definido, se é algo que é melhor para o Estado ou se é algo feito apenas para beneficiar e transferir da sociedade os benefícios para boa parte da população.

Quero dizer que as Bancadas do PDT, PT, PSB e do PPS estão assinando uma Moção de Apoio, que será depois discutida, aos movimentos da Assembléia Legislativa por uma CPI para que possamos investigar até o fim essa situação. Quero lembrar também que nesta Casa já o tema “novo DETRAN” foi abordado por vários Vereadores, especialmente pelo Ver. Cyro Martini, que tem insistentemente,  no alto da sua experiência nesta questão, sido um pertinaz Vereador a trazer e a levantar os inúmeros senões e interrogações que esse processo, desde o seu início, traz, inclusive já votando várias moções aqui, neste Plenário, que alertavam que esse desfecho poderia acontecer.

Parece-me que este Plenário tem toda a legitimidade para, neste momento importante, manifestar-se como casa política, favorável a que, na Assembléia Legislativa, sejam feitas as investigações necessárias, porque isso é mais uma demonstração de que o processo de açodamento e o processo de maioria quase esmagadora que o Governo Estadual tem tido têm trazido vários prejuízos ao Estado do Rio Grande do Sul. E esse, talvez, seja mais um, que precisamos esclarecer até o fim, investigando.

Hoje à tarde está sendo organizada uma reunião entre os partidos de oposição e todos aqueles Deputados que não querem manter uma situação de votar sem sequer saber o conteúdo das coisas para que nós possamos acertar uma ação comum para que o povo gaúcho tenha a condição de saber até o fim toda a verdade sobre os fatos, sem prejulgar ninguém, mas, também, sem deixar de investigar até o último momento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Liderança pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Rio Grande ficou estarrecido com as denúncias formuladas no jornal de Brasília. E eu cumprimento a Assembléia Legislativa, que se preocupa em estabelecer a verdade dos fatos. Eu cumprimento o Ministério Público, que também quer a verdade dos fatos. E, portanto, eu vou aguardar. Eu não quero acusar ninguém, mas eu penso que o roto não deve falar do rasgado.

 Eu estou querendo saber daquele incinerador de lixo que o assessor petista do Departamento de Limpeza Urbana recomendou para Porto Alegre e que, por uma coincidência, era o fabricante do incinerador, lá em São Paulo e que, por mais uma coincidência, não mais do que uma coincidência, recebeu o dinheiro, em 1990, e não entregou até hoje o aparelho. Então, o roto que não fale do rasgado, porque, de repente, um já está roto e o outro pode ser rasgado ainda. Eu formulei um Pedido de Informações e, por isso, eu falo com tranqüilidade. Eu quero saber daquele motor a gás que o Departamento de Limpeza Urbana, três dias antes de encerrar o Governo Olívio Dutra, sendo o Diretor o Dr. Campani, do Departamento de Limpeza Urbana, contratou com a FUNDATEC,  alegando notória especialização. Era tão notória a especialização que a FUNDATEC  foi buscar recursos na UNISINOS. Mas era tão grande a pressa de fazer o contrato,  que 336 milhões custava o estudo do motor e foram pagos, imediatamente,  112 milhões! E era tão grande a pressa, que pagaram para a pessoa errada! Mas era tão grande a pressa, que esqueceram de estudar o motor e o motor deve ter explodido por aí. Então, o roto que não fale do rasgado, porque há também o problema da balança que pesava 14 toneladas e quebrou. Conseqüentemente, passaram a pagar 17 toneladas durante dez meses. Aí, a balança voltou a funcionar e passou para as 14 toneladas. Isso, segundo a auditoria do Professor Tarso Genro, custou um milhão de dólares para a Prefeitura. Depois, a auditoria do Prefeito Tarso Fernando Genro sugeria que se buscasse retomar esse dinheiro pago à empresa “x” e essa empresa coloca uma nota  na  “Zero Hora” dizendo: “Não pesei o lixo, não apresentei fatura, recebi o que me pagaram. Não tenho que devolver nada para ninguém”. Então, o roto que não fale do rasgado.

O que está acontecendo hoje no Rio Grande do Sul entristece a todos nós, mas tem uma divulgação muito ampla, que não aconteceu no passado com os rotos - o motor de explosão, o incinerador de lixo pago e não recebido, o motor também pago. Foi em  1992. Quase cinco anos se completarão agora no dia 28 de dezembro.

 

O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. Gerson Almeida.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, eu requeiro à Mesa que informe ao Plenário, dadas as insistentes considerações do Ver. João Dib sobre o tema, todos os procedimentos legais que foram tomados por esta Casa, inclusive  uma CPI que chegou a uma conclusão e deu seus encaminhamentos sobre esse assunto, porque eu gostaria que nós não ficássemos, insistentemente, falando sobre esse assunto. E mais: gostaria que o Ver. João Dib fosse claro se ele é a favor ou contra a investigação também no Estado.

           

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, na realidade, o roto, tentando falar do rasgado, tenta cercear a liberdade da palavra. Isso não vai resolver o problema. Porque o motor explodiu, porque o incinerador deve ter sido incinerado e não tem como justificar, e a balança também pesou mal. Não tem como justificar diferente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança pelo PTB. Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é claro que não vou falar sobre esse assunto do DETRAN, até porque os dados que estão sendo trazidos aqui por esta tribuna podem não estar corretos porque são dados que são divulgados por um determinado jornalista que fez uma pesquisa, fez um levantamento e divulgou no “Correio Brasiliense”. Nós, aqui, no Rio Grande do Sul, temos ótimos jornalistas. Eu acredito que aqueles dados, se aqueles dados fossem absolutamente corretos, os nossos jornalistas já teriam divulgado com muita antecedência.

Mas um dado que quero divulgar e que interessa para o Município de Porto Alegre é que, vendo o contracheque de um funcionário público municipal, eu vi que o seguro obrigatório que o funcionário tem descontado no seu contracheque teve um aumento, de um mês para o outro, de 270% - o desconto do seguro obrigatório. E percebi também que houve uma troca de empresas de um mês para o outro, e eu acredito que essa troca de empresas deve ter determinado esse aumento de 270%. Como eu sei que existe uma reivindicação, que já não é de hoje, dos funcionários públicos municipais, que querem buscar um aumento que possa ser justo para os tempos atuais e para a realidade da Prefeitura Municipal, e como eu sei que existe uma resistência sempre muito grande por parte dos administradores públicos municipais em conceder esses aumentos, eu fiquei pelo menos curioso para saber do porquê - sem informar os funcionários públicos municipais, sem que fosse pública essa vontade da Prefeitura de aumentar esse desconto no contracheque do funcionário - que ele fosse colocado de uma hora para outra, pegando os funcionários de surpresa e dando um prejuízo a mais para esses funcionários públicos.

Como essa é uma questão do Município, essa é uma questão que deve interessar aos Vereadores de Porto Alegre, porque os Vereadores de Porto Alegre - não sei se os Senhores sabem -  têm ingerência sobre as coisas do Município. Mas não adianta os Vereadores de Porto Alegre virem a esta tribuna e manifestarem suas opiniões a respeito de determinadas coisas que são resolvidas apenas no nível do Estado e no nível da Federação. Temos que resolver as coisas que estão aqui no Município. Mas o que acontece com a bancada petista aqui nesta Casa? Muito bem treinada, procura, numa manobra diversionista, retirar o foco dos assuntos do Município e jogar esse foco sobre os assuntos do Estado e da Federação, porque aí é só discutir por discutir, e vamos gastando o tempo neste Plenário sem tratar dos assuntos do Município.

 Eu não posso entender que Vereadores do Município de Porto Alegre, da bancada petista, não soubessem desse dado com relação aos descontos que são procedidos nos contracheques dos funcionários públicos municipais. Tenho certeza absoluta de que os funcionários petistas também sabiam. Não entendo por que não vieram a esta tribuna dar algum tipo de explicação. Ou porque não têm explicação ou porque é muito difícil de explicar 270% a mais de desconto nos contracheques neste item do seguro obrigatório. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a respeito da CPI do DETRAN, sou totalmente a favor da CPI para apurar tudo, com a maior transparência e, mais do que isso, para reparar uma injustiça a uma pessoa digna, um homem de bem chamado José Fernando Eichenberg. Para julgar uma pessoa não se pode fazer o absurdo que estão fazendo. O PT diz que é tão democrático interna e externamente e, no entanto, em vez de procurar o Judiciário para esclarecer sua inconformidade com uma decisão da Assembléia Legislativa a invade e a quebra toda.

 Dia 30 de junho não foi um dia bom para Porto Alegre. Os porto-alegrenses tiveram mais um aumento para esse verdadeiro “presente de grego” que a Administração do PT reservou para a população. A grosseira falha da Administração ao não incluir na majoração de fevereiro  o valor do dissídio dos rodoviários causou uma certa estranheza. A elevação insuficiente da tarifa teve um caráter demagógico. Depois veio o mais fácil: mudar a lei -  é só encaminhar para a Câmara. Lá,  conforme os petistas acusam a Assembléia,  vicejam áulicos. É uma bancada disponível para qualquer tipo de aprovação. A Prefeitura ficou muito bem com os usuários de fevereiro,  colocando uma tarifa mais baixa. Fica bem com a ATP e com os rodoviários, que terão seus pleitos atendidos, mas a Câmara fica mal:  se a Câmara não aprova, há o ônus da greve, uma sugestão maliciosa do paço municipal; se a Câmara aprova, há antipatia dos passageiros e a guerra dos proprietários. O dissídio deixa de ser uma questão sindical; a Prefeitura dá mais uma bola nas costas, envenenada à Câmara Municipal.

A proposta dos dois Vereadores,  inclusive o Ver. José Valdir, do PT, pelo vício inicial do Projeto intimamente associado a um certo vento a favor do segmento patronal que soprou muito sutilmente nesta Câmara, transformou  o povo num  joguete descartável sem consultá-lo, sem diálogo com os rodoviários e sem qualquer pauta patronal reivindicatória. Quer dizer: quando é para tomar qualquer atitude, é fundamental que se faça uma consulta através do Orçamento Participativo. Por que não consultaram o povo quando encaminharam para cá o Projeto de aumento aos rodoviários? Doze Vereadores contrários ao Projeto gostariam que, pela primeira vez, tal ônus do aumento das passagens dos rodoviários não fosse repassado ao usuário, que fosse repassado aos empresários, mas o compromisso petista falou mais alto, o  compromisso  com os empresários. Não bastasse a invasão que fizeram lá, no Sport Club Internacional, a intimidação ao Abrigo Dias da Cruz, um veto do Sr. Prefeito aos jogos dos estudantes excepcionais, o aumento dos táxis, o fechamento do EPATUR, uma outra coisa que temos que discutir, e muito bem, aqui. Essa magnífica forma petista de administrar  fez o trivial - 11 corajosos Vereadores da Bancada do PT repassaram aos agravados de sempre, à população de Porto Alegre, a sua proverbial incompetência. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Apregoamos pedido de licença de saúde da Vera. Sônia Santos, de 1º a 4 de agosto.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1279/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que revoga a Lei nº 7975, de 09.4.97, que denomina e limita o "Bairro Iguatemi" no Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres               

- da CCJ. Relator Ver. João Dib: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

-da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, IV, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM;

-adiada a discussão por cinco Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 070/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, queridos moradores dos Bairros Vila Ipiranga, Jardim Ipiranga, Boa Vista e Passo D'Areia, que acompanham essa votação. Tenho certeza, Srs. Vereadores, de que com o presente Projeto de Lei, que revoga a Lei  nº 7975/97,  que criou o Bairro Iguatemi, estamos propiciando a esta Câmara Municipal, que vem, ao longo dos anos, se caracterizando por sua seriedade, corrigir um dos seus mais sérios equívocos já registrados em sua história.

Queremos dizer que moramos na região há mais de 30 anos e na rua que hoje residimos - próxima ao Bairro Jardim Ipiranga, que faz divisa com o Bairro Passo D'Areia  - estamos há mais de dez anos. Portanto, nesta tarefa estou não por disposição  pessoal nem por veleidade, mas atendendo a determinação de comunidades que represento, como o Passo D'Areia, Boa Vista e o Jardim Ipiranga, que hoje, aqui, nos honram com a presença de alguns moradores, presidentes das associações e principais lideranças.

Queremos salientar, Srs. Vereadores, que o objetivo deste nosso Projeto de Lei pode ser dividido em três itens: primeiro, este Projeto de Lei que revoga a criação deste bairro artificial está colocado porque foi contra a soberania popular; segundo, dizemos que ele é ilegal, inorgânico, permeado de vícios que são insanáveis; terceiro, ele é, tecnicamente, um projeto equivocado.

Vou procurar, Srs. Vereadores, se contar com sua colaboração, ser bastante didático para que não se repita, por ocasião desta votação, o que ocorreu no final, no apagar das luzes de 1996, ou quando aqui apreciamos o Veto do Sr. Prefeito. Vou salientar os principais problemas e os principais vícios que deram origem  a essa malfadada lei que é repudiada, aqui, por toda comunidade. Comunico aos meus colegas que os vícios que aqui aponto, e que são sérios, jamais os utilizei na imprensa para denegrir este Parlamento. Mil motivos teria, se quisesse, para chamar atenção para as grosserias e para as tropelias que foram cometidas contra a Lei Orgânica, contra a Lei Complementar nº 320 e contra o Regimento.

O Projeto de Lei nº 136/96, que gerou a Lei nº 7975/97, é inorgânico porque fere o art. 8º da Lei Orgânica, que diz: “Ao Município compete privativamente: - XII: criar, organizar e suprimir distritos e bairros, consultados os munícipes e observada a legislação pertinente”. Aqui está à disposição do Srs. Vereadores o processo que deu origem ao Bairro Iguatemi.  E não consta nele uma assinatura sequer da população dizendo que apoiava esse Projeto de Lei. É ilegal, porque entendemos que violou o art. 8º da Lei Complementar nº 320, de 02 de maio de 94, que diz que a “alteração da denominação de logradouros é permitida através de plebiscitos, nos termos do art. 99 da Lei Orgânica do Município e parágrafo único do art. 2º da Lei Complementar nº 282”.

 

O SR. PRESIDENTE:  V. Exa. tem mais cinco minutos, cedidos pelo Ver. Cyro Martini.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: O art. 99 da Lei Orgânica é, por sua vez, extremamente lapidar para dizer como essas alterações podem ser feitas. Exige que 2/3 dos Vereadores subscrevam a proposta, que deve ser apreciada por plebiscito organizado pela Câmara de Vereadores. Esse Projeto é antiético e irregular, porque foi apresentado na metade do ano de 96, tramitou por alguns dias e foi requerido pela Presidência, só voltando para a apreciação durante  três dias, ao apagar das luzes de 96. Isso, Senhores, a nosso juízo, é antiético.

Além do mais, a Resolução que dá origem ao nosso Regimento é absolutamente clara quando diz que os projetos têm que tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça. Na verdade, esse Projeto de Lei teve a sua tramitação inviabilizada, ferindo dispositivos também do Regimento, porque o Projeto sequer passou pela Comissão de Justiça; ele esteve lá, foi para a Presidência e só voltou ao Plenário três dias antes de concluir o ano.

Tem mais, Sr. Presidente, Srs. Vereadores: o art. 81, que chamou esse Projeto para a discussão, tem o seu Requerimento absolutamente em branco - não foi assinado pelo requerente. O substitutivo, diz também o Regimento, “só pode ser apresentado no período de Pauta ou quando está sendo apreciado pelas Comissões”.  Nesse processo foi apresentado um substitutivo diretamente na Presidência. Ele jamais voltou para a Comissão de Justiça, porque não teve apresentado durante o período de Pauta o seu substitutivo.

Eu estou elencando as dificuldades para que se possa elucidar isso de forma clara a fim de que os Srs. Vereadores, na hora do voto, possam realmente discutir com profundidade e votar com as suas consciências se são a favor dessas irregularidades ou se querem que esse Projeto seja saneado, para que depois, sim, possamos realizar um plebiscito que vá mostrar, de forma regular, o que pensa a comunidade daquela região.

Esse Projeto é contra também a soberania popular, porque não respeitou  princípios constitucionais e sociológicos da Lei Orgânica do Município, que determinam que a comunidade seja ouvida.

Quero também aproveitar, dentro desse tempo, para ler aqui parcela de uma carta que recebi da pessoa que mais entende, nesta Cidade, da questão dos logradouros públicos e faz coletâneas. Ele disse aqui, claramente, no ofício a nós redigido:

“Serve a presente para prestigiar a oportuna e presente ação de V. Exa.” - no caso, o Vereador que vos fala – “no sentido de propor a revogação da lei acima citada, pois tal lei trata-se, sem dúvida, de uma infeliz iniciativa que não encontra apoio e nem se justifica junto à população de Porto Alegre, principalmente os residentes nas áreas atingidas por esse arriscado precedente. A Lei nº 7975 é, sob todas as formas, arbitrária e improcedente, de acordo com o nosso ponto de vista, um vez que expropria parte das áreas de diversos parques legais publicamente conhecidos e consagrados há muitos anos. Na verdade, é uma perigosa proposta que desorganiza considerável extensão de nossa Cidade, inclusive ao arrepio da população. É também uma iniciativa isolada e absurda, pois trata de denominar, limitar e legalizar o que já é  denominado, limitado e legalizado. Esse precedente inconveniente, inoportuno e desvantajoso põe em risco não somente os bairros atingidos e descaracterizados, como também a própria organização da Cidade, que vem se constituindo, paulatinamente, há mais de dois séculos. A partir desse desacerto, todos os bairros já existentes poderão ser desarticulados por leis desastradas como essa, ameaçando a identidade de bairros onde vivemos e com os quais nos identificamos e acostumamos por tradição.”

Gostaria que o Ver. Guilherme Barbosa me concedesse o tempo.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a concordância dos Vereadores Isaac Ainhorn, Décio Schauren, Maristela Maffei, Cláudio Sebenelo e João Motta, concedemos mais cinco minutos ao Ver. Juarez Pinheiro, por cedência do Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Obrigado, Sr. Presidente e Ver. Guilherme Barbosa.

“O nome Iguatemi, de conhecidíssimo bairro da Cidade de São Paulo, no Estado do mesmo nome, não encontra identidade na nossa cultura, história e vivência. Porto Alegre, hoje, conta com extravagante número de bairros - 82 denominações entre oficiais e não-oficiais -, além de outras 600 denominações locais, dentro da circunscrição dos bairros, como centenas de vilas populares, chácaras, condomínios residenciais, conjuntos, jardins e loteamentos condominiais. A proliferação indiscriminada de nomes leva à paralisação de locais e gera confusão. Aproximadamente 20% dos nomes dos bairros são absolutamente desconhecidos da maioria da população, não só o nome como a localização.”

Queremos dizer, Srs. Vereadores, que o nosso Projeto de Lei não é uma iniciativa isolada. Consta do processo, como manda a Lei Orgânica, quase um milhar de assinaturas.  Outras tantas temos conosco, e não tivemos oportunidade de colocá-las no processo. Esse Projeto de Lei vem secundado por essas pessoas que hoje, aqui, nervosamente, acompanham a decisão desta egrégia Câmara, e o nosso Projeto de Lei atende, também, às direções das três entidades que representam os seus três bairros.

Quero concluir esta intervenção dizendo e fazendo uma reflexão muito clara: se nós, por exemplo, Ver. João Dib, para voltar a chamar de Av. Eduardo a nossa querida Av. Eduardo, hoje Presidente Roosevelt, precisamos aqui juntar assinaturas de 2/3 dos Vereadores, se precisa, para mudar o nome de qualquer rua, fazer um plebiscito, que este plebiscito seja organizado pela Câmara de Vereadores, como é, Senhores, que vamos aceitar mudar a trajetória histórica de bairros num projeto de lei proposto por um único Vereador, que não vem secundado por nenhuma pessoa dessas comunidades - um bairro, que é muito maior que uma rua?

Então, Sras e Srs. Vereadores, temos hoje esta rara oportunidade de zerar este processo, de escoimar da Câmara de Vereadores de Porto Alegre de forma definitiva este vício que está maculando sua imagem e propiciarmos que o próprio Ver. Isaac Ainhorn, se for seu desejo, faça depois, de uma forma regular, todos os procedimentos que determina a  Lei Orgânica, que determina o Regimento da Casa.

Queremos aqui nos comprometer que não vamos apresentar, posteriormente, para tirar qualquer usufruto eleitoral ou o que seja, nenhum projeto de lei dando denominação a essas áreas, seja do Jardim Ipiranga, seja do Boa Vista ou do Passo D' Areia.

 Este é o compromisso, Srs. Vereadores, que assumimos desta tribuna, para que fique bem claro que o nosso interesse não é o de autopromoção, mas resguardar essa dignidade, essa seriedade que caracteriza esse Parlamento não só no Rio Grande do Sul, como em todo o Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Isaac Ainhorn, para discutir.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dirigentes comunitários, pessoas que estão nos visitando. Gostaríamos de fazer uma avaliação deste processo sob vários aspectos, sobretudo em relação a manifestações feitas pelo Ver. Juarez Pinheiro.

Dentre várias considerações, em primeiro lugar, a designação de logradouros, bairros de Porto Alegre, compreende as atribuições que são da competência do Vereador, compreende a atuação que é inerente à atividade do Vereador.

 Antes de mais nada, eu gostaria de referir algumas considerações com relação ao Projeto que passou, que foi aprovado ao final do ano passado, num conjunto muito maior de projetos. Foi vetado pelo Sr. Prefeito Municipal,  voltou a esta Casa e o Veto foi derrubado. Antes de mais nada, eu quero falar sobre uma das referências que fez o Ver. Juarez Pinheiro, quando analisava esse Projeto, de que a Presidência retirou o Projeto e  que eu teria ficado três ou quatro meses com o Projeto em mãos. Em primeiro lugar, não foi a Presidência que retirou o Projeto; foi o Ver. Isaac Ainhorn, Vereador, que, exercendo a condição de Presidente, também era Vereador da Cidade de Porto Alegre.

Se há uma inclinação de que aquele Projeto não foi objeto de uma discussão maior, infelizmente este também padece de uma maior discussão e reflexão, porque, Ver. Juarez Pinheiro, se há pessoas - e eu as respeito - que se manifestaram contrariamente à criação do Bairro Iguatemi, V. Exa., que é um homem honrado e honesto, há de reconhecer que muitas pessoas, inclusive da sua comunidade, são favoráveis a essa designação. Quero dizer, também, que não foi por acaso que no nosso trabalho, já no período da tramitação do Projeto de V. Exa., nós conseguimos mais de mil assinaturas. Então, ela não é um ato unilateral. Não vamos dizer que ela se constitui do consenso daquela região, não. Somos  humildes no exercício do nosso trabalho e reconhecemos que há  pessoas que são contrárias àquela designação. Agora, existe um contingente de pessoas, e agora há algumas que, inclusive,  são favoráveis a essa designação. Então,  faz parte do jogo e da vida democrática, porque isso é um processo de discussão e debate da vida dos parlamentos.

Aqui, eu quero deixar claro que eu retirei o Projeto quando a Associação dos Moradores do Bairro Três Figueiras me procurou e contestou o Projeto, argüindo que eram contrários à perda de uma parte de áreas do Três Figueiras e áreas do Bairro Chácara das Pedras. Isso ensejou um trabalho de exame do Projeto e de uma nova avaliação desse Projeto e que levou, passados três meses, à apresentação de um substitutivo que excluiu áreas da constituição daquele bairro. Então, quero deixar isso claro, porque este Vereador, que tem dez anos de mandato, pode ser polêmico, mas se orgulha de ter um patrimônio público, um patrimônio pessoal, que é a sua honra, a sua honorabilidade na condução dos trabalhos como Vereador e como cidadão desta Cidade. Portanto, a retirada do Projeto foi justamente para atender, inclusive, às demandas da comunidade. Talvez essa explicação não esteja nos autos e V. Exa. não tenha. Então, eu faço questão de esclarecer a V. Exa e aos Srs. Vereadores. Alguns já sabiam desse fato.

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Tereza Franco se inscreve e cede o seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn, com a concordância dos Vereadores Décio Schauren, Maristela Maffei, Cláudio Sebenelo, João Motta, Fernando Záchia e Antônio Losada. Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa. tem mais cinco minutos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Agradeço à Vera. Tereza Franco pelo tempo. Então, eu gostaria de esclarecer a razão da retirada do Projeto, porque este Vereador estava, naquele momento, disposto a retirar o Projeto para fazer um processo de consulta às comunidades para não ser algo unilateral. Recebeu as comunidades das Três Figueiras e Chácara das Pedras. Esse é um dado fundamental que eu gostaria de colocar.  V. Exa., por outro lado, sabe que a colocação de um projeto na Ordem do Dia é um mero requerimento formal. Isso já era da Lei Orgânica anterior e não estava incluído o art. 81. É natural que algum artigo, de vez em quando, passe despercebido, e este Vereador, na fase final, incluiu o artigo, que depois levou o número 81, até porque, fundamentalmente, este artigo, que permite que um projeto com mais de 30 dias de tramitação seja incluído na Ordem do Dia, é sobretudo um artigo que assegura o direito das minorias. Então, é o requerimento mais simples. Não há caso, nem na história anterior dos requerimentos de inclusão na Ordem do Dia por tramitação do art. 81, nem na vigência da nova Lei Orgânica, em que um requerimento desses não tenha sido deferido pelo Presidente. É aquilo que em Teoria Geral do Direito se diz que é um vício que poderia ser totalmente sanável, porque ele não está eivado, em nenhum momento, de qualquer má-fé em relação ao exercício parlamentar. E não vou, com a responsabilidade de Vereador desta Casa, fazer nada, porque isso foi uma omissão, uma falha, Vereador, que é natural. Se V. Exa. pegar qualquer processo que tramita nesta casa  - e V. Exa. é membro da Comissão de Justiça desta Casa e sabe disso -, se procurar alguma formalidade pequena, V. Exa. vai encontrar às dezenas. Os Vereadores atuais e os mais antigos sabem disso.

Com relação a uma outra questão, nobre Vereador, de que a Lei Orgânica foi arranhada, que não foi respeitada, V. Exa. sabe que, infelizmente, nós não temos ainda mecanismos estabelecidos em lei - aliás, é uma coisa que temos que corrigir como coletivo da representação da Cidade de Porto Alegre -, nós não temos mecanismos de aferir manifestações sobre questões de consultas à população e de natureza plebiscitária. Portanto, Vereador, na minha análise jurídica, e esta Casa tem vários Vereadores bacharéis de Direito e outros que não o são, mas que têm muita experiência na área da análise das regras jurídicas, sabem que este dispositivo não é auto-aplicável... Respeito, no entanto,  a manifestação de V. Exa., que é um bacharel e um profissional do Direito.

Essa é a primeira parte sobre aquelas considerações do projeto antigo - se entrou ao final da legislatura, exatamente como mais de uma centena que não foram incluídos na Ordem do Dia para avaliação, para os quais não foi utilizado o dispositivo de que V. Exa. se valeu para  incluí-lo: o art. 81. É óbvio que, do ponto de vista legal e regimental, o Projeto de V. Exa. é válido, mas, inicialmente, tinha uma falha que foi corrigida por uma emenda sua, acerto esse feito a partir da douta Assessoria desta Casa, que lhe chamou a atenção, porque, caso fosse revogada a lei, criar-se-ia um vazio jurídico.   Lamento que V. Exa. tenha usado o art. 81 para incluí-lo na Ordem do Dia, porque, embora sendo um mecanismo regimental, eu gostaria de esclarecer o seguinte: o  art.  81 prejudica o debate, porque  essas comunidades  até poderiam ser ouvidas no âmbito das Comissões. Eu sequer tive condições de trazer a manifestação de mais de mil pessoas daquelas comunidades às Comissões Permanentes da Casa. Eu achava que a Comissão de Justiça não era o foro adequado, porque ali se examinaram simplesmente as questões técnicas do  processo apresentado por V. Exa.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, o  Ver. Paulo Brum cede seu tempo a V. Exa., com a concordância dos demais Vereadores.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Obrigado, Vereador. Tenho o maior respeito por essas comunidades que estão aqui presentes e por suas manifestações contrárias, embora no próprio Jardim Ipiranga haja pessoas que são favoráveis à denominação Iguatemi. Aliás,  esta Cidade preserva muito pouco as representações comunitárias, valorizando as pessoas em detrimento das associações, que têm uma representatividade muito maior. Quero dizer a V. Exa. que o fato de ter requerido o art. 81 não permitiu o debate do Projeto, porque, inclusive, na oportunidade, cheguei a conversar com V. Exa. para buscarmos alguma alternativa com a possibilidade de redução da área do chamado Bairro Iguatemi, excluído o próprio Jardim Ipiranga. É legítimo, tem que ser respeitado; inclusive, corrigi o fato de que o Jardim Ipiranga ainda não é bairro. Ele tem essa designação tão conquistada e reconhecida como a do Iguatemi. Todas as referências, as chamadas nos ônibus, os táxis-lotação, tudo, queiram  ou não queiram, concordem ou não concordem, levam as pessoas a dizerem: “junto ao Iguatemi, atrás do Iguatemi”. V. Exa. não pode ignorar esse fato. 

Lamento quando as pessoas dizem que não foram consultadas. Eu até posso aceitar essa posição; agora, não vou aceitar a mudança forçada pelo poder econômico. Isso não se justifica. Há um equívoco muito grande. O autor deste Projeto foi este Vereador. Este Vereador se orgulha de ter uma posição independente. Este Projeto nasceu de várias pessoas que sugeriram essa idéia,  assim como todos os projetos deste Vereador. Certamente, todo o trabalho dos parlamentares nasce de idéias de pessoas, grupos e comunidades. Esta idéia foi apresentada a mim. Posso até dizer nome de pessoas que sugeriram essa idéia, de moradores do entorno daquela região.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Inicialmente, quero reconhecer a forma digna e correta com que V. Exa. faz este debate. A forma como V. Exa. procede e como eu busquei me conduzir ao longo desse processo faz com que a Casa, em assunto tão difícil, possa ter ao final a sua manifestação, conhecendo todos os trâmites e procedimentos.

Eu gostaria de comunicar que só utilizei o art. 81 depois que o Projeto de Lei foi apreciado pela CCJ, que trata dessas questões, e pela CUTHAB. O Ver. Lauro Hagemann, inclusive, me comunicou que não iria fazer o relato em uma semana porque aguardava manifestação de V. Exa. Eu entendi que isso era altamente democrático e disse ao Vereador que ele ficava livre,  porque seria oportuno que estabelecêssemos o contraditório.

Por último, V. Exa., na verdade, só por ser um exímio advogado, está conseguindo fazer uma defesa do que seria, praticamente, indefensável. Nesse sentido, como orador e advogado, meus parabéns.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Agradeço a sua maneira correta, digna e ética. Só quero lamentar,  Vereador. Talvez agora V .Exa.  revise o conceito anterior, aqui afirmado, de que este Vereador teria agido de forma antiética, porque, num primeiro momento,  V. Exa. não conhecia as explicações. Não é do perfil de V. Exa. que o fato da renovação do projeto do Sr. João Pedro Stédile, além do descontentamento de alguns setores,  sugerisse colocar este Projeto, em função daquela questão, em votação. Não acredito nesse posicionamento.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e cede seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Todos os Vereadores desta Casa sabem, mesmo aqueles mais ou menos experientes,  que a denominação de um bairro não diz nada com as questões que foram afirmadas aqui: interesses imobiliários. Ora,  só uma mente  de pessoa que não conheça o caso, tecnicamente, para fazer uma afirmativa dessa natureza; assim como algumas pessoas chegaram a afirmar que isso iria acabar valorizando o bairro e aumentando o valor do IPTU na região; ou aqueles que disseram que, com esse fato, o Hospital Conceição vai deixar de atender, em termos de medicina comunitária, a área, porque vai mudar o perfil do bairro. Esses não são argumentos sólidos.

Quero deixar bem claro que não foi Vereador desta Casa que fez esse tipo de colocação em relação a essas questões de que os moradores vão perder o direito ao atendimento comunitário do Hospital Conceição, que estão votando o aumento do IPTU e  fatos dessa natureza. E que também aumentaria a especulação imobiliária na área. Aquela área, se há especulação, ela já existe por força de um desenvolvimento urbano natural que se processa na Cidade. Aquela região ganhou um projeto aprovado pela Prefeitura Municipal, o Projeto Hermes, que constrói 108 mil metros quadrados ali atrás do Anchieta, naqueles terrenos que estão sob o princípio do IPTU progressivo, se não for construído. É uma polêmica que se criou nesta Casa. Terça-feira, teremos uma reunião. Quanto a isso, não se precisou nem da Câmara Municipal, porque os regimes urbanísticos estavam definidos e o Projeto foi aprovado pela Secretaria do Planejamento Municipal. Esse é um conflito real e indiscutível do ponto de vista urbanístico. Agora, na designação do nome do bairro, que pode até haver contrariedade, mas também há muita concordância, há contradições. Mas isso é apenas uma designação! Por isso, não é uma questão que tenha a dimensão que se está pretendendo dar a uma simples designação de bairro. Reconheço que alteração de nome de rua e problemas de bairros são questões complexas que acabam mexendo com as pessoas que vivem, moram e trabalham nos bairros. Acho até que aquele Projeto mereceria uma maturação maior, assim como este, que simplesmente revoga, não permitindo  o debate. Eu, sequer, tive aquela oportunidade de tempo hábil - V. Exa. já havia pedido o art. 81 - de fazer uma discussão, apresentando pessoas da comunidade, juntando as mais de mil assinaturas favoráveis à designação. V. Exa. apresentou o art. 81, que não permite um substitutivo, Vereador, quem sabe, tirando o Jardim Ipiranga ou  retirando essa área do Passo D'Areia para circunscrever ao entorno do Iguatemi. Dizer que é um nome artificial... tenho minhas dúvidas de que seja um nome artificial. Em primeiro lugar, é um nome indígena, das nossas raízes. É muito brasileiro.

É muito comum encontrar-se designação de nome de bairros em todas as capitais brasileiras que são semelhantes. É muito comum. V. Exas. sabem disso. Em São Paulo, no Rio, em Porto Alegre, em Salvador tem Bairro Santana, e assim por diante. Tem até um sentido, porque ali tem o nascimento de nascentes d'água. E quer nome melhor que o nome indígena Iguatemi, que quer dizer pedra d'água? Vamos querer ignorar a presença de um empreendimento comercial que levou o desenvolvimento urbano para aquela área, que é o Shopping Iguatemi? Seria uma visão atrasada, uma visão reacionária, uma visão conservadora. Agora, nós vamos ficar aqui numa visão pequena? Nós temos que ter uma visão maior. Não vamos, porque temos divergências com este segmento, ignorar a importância da estrutura dos “shoppings” na vida da nossa Cidade e do nosso País.

 Portanto, Srs. Vereadores, eu apelo a V. Exas. para, considerando todos os fatos, a polêmica existente que proporcionaria a rejeição deste Projeto,  a possibilidade de uma ampla discussão através de alternativas, proporcionadas, eventualmente, pela Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação desta Casa ou por outra Comissão afim a esse tema. É este o apelo que eu faço para V. Exas., porque, na minha opinião, o art. 81 impediu que se apresentassem, por este ou por outro qualquer Vereador, alternativas que pudessem equacionar de forma conciliatória e através do entendimento  a questão da designação, inclusive pela superação de eventuais ausências de consulta à comunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está com a palavra para discutir o PLL 070/97.              

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  lideranças comunitárias que acompanham este debate, eu venho à tribuna e gostaria que o Ver. Isaac Ainhorn, que está se retirando do Plenário neste momento, me ouvisse. Na época da discussão do Projeto do Ver. Isaac Ainhorn, eu vim, em duas oportunidades, à tribuna e sugeri que o Ver. Isaac  fizesse  a consulta aos moradores antes da votação do Projeto, porque eu disse que, se os moradores concordassem, eu poderia votar a favor, mas, sem a consulta, eu entendia que se estavam desrespeitando os moradores, além de se desrespeitar a Lei Orgânica do Município. É por isso que quero, com toda a tranqüilidade, voltar a debater essa questão e fazer as devidas críticas que já fiz, na época, à forma do procedimento adotado, sem a consulta aos moradores.

Entendo que uma das questões fundamentais na criação de um novo bairro é a gente se reportar ao conceito de bairro e, dentro desse conceito, temos que respeitar a identidade histórico-cultural  daquele bairro. Isso é essencial. Como vamos fazer isso?  Entendo que um dos instrumentos a ser utilizado é o debate com os moradores. Outro instrumento, que a própria legislação municipal prevê,  é a consulta  aos moradores.

Quero dizer aos visitantes que se encontram presentes neste momento que eu sou o autor do Projeto de Lei que criou o Bairro Lomba do Pinheiro, e esse Projeto tramitou durante três longos anos aqui nesta Casa. Eu fiz um debate com as associações de moradores da região, discuti com a Secretaria do Planejamento sobre questões dos limites e, acima de tudo, fiz um abaixo-assinado e coloquei mais de três mil assinaturas no Projeto. Na época, o Ver. Artur Zanella, por sinal do partido do Ver. Isaac Ainhorn, pediu, em duas oportunidades, que o processo fosse em diligência ao Executivo para garantir respeito às questões de limites, consulta à população e outras questões. Eu quero dizer que também, na época, a Auditoria da Casa me alertou que teria que fazer a consulta de acordo com o art. 8º, VII, da Lei Orgânica do Município. Nós não podemos ter dois pesos e duas medidas. No caso da lei da Lomba do Pinheiro, de minha autoria, isso foi exigido, além de que, na época, eu já estava fazendo a consulta, mas foi exigido. Alertei na época ao Ver. Isaac Ainhorn que teríamos problemas, porque não havia sido procedida a consulta, e o Ver. Isaac me disse que havia consultado, que haveria uma consulta no processo. Fui verificar no processo e a única consulta que constava era aos moradores dos Bairros Três Figueiras e Chácara das Pedras. Nessas duas consultas, inclusive, os moradores se manifestaram contrários e, na época, o seu abaixo-assinado não estava no processo. Eu cobrei isso na época e, inclusive, disse que o que não consta dos autos não está no mundo, e V. Exa. não pode apresentar um abaixo-assinado além daquele dos Bairros Três Figueiras e Chácara das Pedras, que se manifestaram contrários.

 

O SR PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei cede o seu tempo a V. Exa., Vereador.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Agradeço à Vera. Maristela Maffei a cedência do tempo.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de dizer que, em relação ao projeto original, não houve juntada de abaixo-assinado. Não há uma definição legal nesse sentido, mas reconheço, em relação a isso, embora tenha havido manifestações, tratativas que ensejaram, à época, a correção do processo em relação ao Bairro Três Figueiras e ao Bairro Chácara das Pedras. Agora, quero dizer a V. Exa. que, procurando corrigir, no processo do Ver. Juarez Pinheiro de revogação da lei, não consegui juntar as mil e 200 assinaturas que foram colhidas na região exatamente porque o Projeto já chegou à Ordem do Dia pelo art. 81. Não se pôde fazer, numa comissão de mérito, um exame desse trabalho, ouvindo os diversos setores,  não só os contrários, mas também os favoráveis, que, inclusive, estão alguns aqui presentes.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Ver. Isaac Ainhorn, eu quero dizer que, da mesma forma como V. Exa. faz uma crítica ao Ver. Juarez Pinheiro por ter solicitado o art. 81, na época, eu, fraternalmente, alertei V. Exa. da questão do art. 8º da Lei Orgânica e da necessidade da consulta aos moradores, e V. Exa. tinha pressa em votar o Projeto na época.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Como V. Exa. tem dos seus.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Não, Senhor! Quero dizer que o projeto da Lomba do Pinheiro tramitou durante três longos anos para atender todas as exigências que me foram solicitadas.

Volto à questão da democratização da escolha de nomes de logradouros e entendo que, na mesma linha, vai a questão da denominação de um bairro. Entendo que essa é uma questão fundamental, e desde 89,  quando fui eleito para o primeiro mandato nesta Casa, eu me lembro que a Casa recebia, em muitas oportunidades, críticas por aqui serem aprovados projetos denominando logradouros sem consulta aos moradores. Entendo que essa é uma questão fundamental da nossa democracia. Penso que a democracia começa nessas pequenas grandes coisas, como é consultar os moradores sobre a denominação do logradouro onde moram. Entendo que é uma questão fundamental. A cidadania começa nessas pequenas coisas. E mais ainda com relação a um bairro, como eu disse no início da minha intervenção, onde, fundamentalmente, deve ser respeitada a identidade histórico-cultural do lugar, da região, do bairro. Entendo que esse respeito nós fazemos da melhor forma: consultamos moradores, fazendo o debate com os moradores. Quero dizer ao Ver. Isaac Ainhorn que, muitas vezes na denominação de logradouros, recebemos algumas dezenas de abaixo-assinados, mas daqui a pouco percebíamos que havia polêmica sobre a denominação da rua, e daqui a pouco surgia uma centena ou mais de abaixo-assinados com outra vontade.

 Entendo que é fundamental o processo de discussão e nós ouvirmos, no mínimo, a grande maioria sobre essa questão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em homenagem a esse magnífico trabalho e a esse debate democrático que fazem os Vereadores Juarez Pinheiro, Isaac Ainhorn e todos os outros Vereadores que têm participado, queria dizer, inicialmente, que sou morador do Bairro Chácara das Pedras e trabalho no Bairro Jardim Ipiranga, onde fico quase dez horas do dia, no Grupo Hospitalar Conceição. Ali, eu circulo diariamente, faço educação física em volta do Shopping Iguatemi. Tenho feito corrida em volta do Shopping Iguatemi às 23h, à meia- noite, porque ali há guardas, é uma zona segura.

 Um dos encantos das minhas correspondências é o elogio que as pessoas têm-me dado quando vem no verso o nome do Bairro Chácara das Pedras. É um nome poético, é um nome bonito, que cresceu de baixo para cima, com a tradição, com a história, com a sensibilidade daquelas pessoas.

 Não sou daqueles que acham que as pessoas não podem ter iniciativa, colocar nome; claro que podem. Parece, entretanto, que nome de bairro não se troca quando já existe a legalização do bairro, a legitimação do bairro, quando já existe a vida do bairro a legitimar, a dar sentido, porque os bairros têm que ter história, têm que ter  pessoas que se destacam na comunidade pelo seu bom humor, pela sua inteligência,  pela sua maneira de facilitar a vida das outras pessoas, especialmente pelo fato de que, se não tiver bairro, se não tiver boteco, se não tiver esquina, acho que vamos perder toda a nossa sensibilidade, toda a nossa poesia, todo o nosso amor voltado a essas coisas magníficas criadas pelo ser humano. Uma delas é o bairro, o  arrabalde, é o arraial, a aldeia. Eu me criei numa aldeia onde todo o mundo se conhecia, criei-me num bairro que tinha como tradição fundamental nesta época  a presença de um vento sudoeste,  que era um vento sujo ou vento limpo; era o vento da garoa ou vento do céu azul,  esse vento que tinha um nome masculino muito bonito -  chamava-se Minuano, um vento  que caracteriza a nossa origem, o nosso Pampa, o nosso descampado. 

Digo tudo isso para lembrar o quanto tem importância na cultura, na expressão das pessoas, no folclore o nome de um bairro. Eu acho lindo o nome Iguatemi, mas não tem nada a ver; apenas com o complexo comercial, ao qual sou a  favor, porque gera empregos. Principalmente, sou totalmente a favor porque Iguatemi é um nome índio e nós, assim que assassinamos essa cultura magnífica tupi-guarani,  essa cultura Kaingang,  a pusemos fora, de uma forma etnocêntrica,  insuportável. Temos que entender que não é pelo nome em si, mas pelo que ele representa para uma comunidade. O Bairro Iguatemi, a partir das 22 horas,  quando fecha o Shopping, deixa de existir, e o Bairro Chácara das Pedras, que está do lado, depois das 22 horas tem um movimento intenso. As pessoas se comunicam, se telefonam até meia-noite, uma hora. Todo o mundo se conhece no Bairro.

Então, para não perder essa essência,  para não perder essa delicadeza, essa poesia, essa importância que tem o bairro onde trabalho, que é o Bairro Jardim Ipiranga, para não perder a essência e a matéria sólida daquele chão, daquela raiz do meu bairro, voto, de acordo com as instituições que pediram para que eu votasse, a favor do Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, sem, em momento algum, querer desfazer do Projeto do Ver. Isaac Ainhorn. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Ver. Fernando Záchia. Ausente. Tem a palavra o Ver. Antônio Losada para discutir.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente,  Srs. Vereadores, comunidade presente. Quero declarar o meu voto a favor do Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, tendo em vista a articulação que essa comunidade da região fez em defesa desse Projeto e em respeito às regiões histórico-culturais, como Chácara das Pedras e outras, que o nome desse complexo comercial que envolve lojas, supermercado e salas de cinema não contempla. A lei que estabelece a denominação de logradouros, praças, bairros etc. é de autoria do Ver. Décio Schauren e veio a bom tempo. Podemos citar centenas de exemplos em que as elites tentam colocar denominações de ruas, praças, bairros que nada têm a ver com a realidade e com a luta daquelas comunidades. Temos o exemplo bem vivo da tentativa de colocar, no Bairro Farrapos, o nome de Castelo Branco. Inclusive, aquele Presidente, aquele ditador, foi lá, distribuiu algumas casas, participou da inauguração, mas a comunidade não aceitou e resistiu, e hoje o bairro é consagrado como Bairro Farrapos. Então, a legitimidade se dá exatamente pela transparência democrática, pela mobilização das comunidades, pelas homenagens verdadeiras àquelas pessoas que lutam e têm origem nessas regiões. Não pode haver um comprometimento comercial. Isso descaracteriza toda a tradição histórico-cultural da mobilização dessas comunidades.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. sabe o apreço que eu tenho por V. Exa., mas eu lamento que, às vezes, tem uma ótica equivocada. Não podemos ter preconceito com relação à atividade comercial, como havia, no período medieval, da Inquisição em relação a quem exercia atividade comercial. A atividade comercial, Sr. Vereador, também é progressista, é positiva para o desenvolvimento da cidade. Eu nem conheço e tenho até divergência política com os proprietários daquele “shopping”, mas eu não posso negar que aquele “shopping” representou um pólo de desenvolvimento para a região. V. Exa. não pode negar. Nem V. Exa. teria uma concepção contrária ao comércio, que é uma atividade positiva, que é a vida da cidade e que é geradora de empregos e de riquezas.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Ver. Isaac Ainhorn, considero que o espaço reivindicado por essas entidades comerciais é um espaço próprio, conseguido através da sua publicidade, da sua consagração, mas não ocupando o espaço tradicional da história dos moradores do próprio bairro.

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero ressaltar a importância do discurso de V. Exa. e lembrar, quanto à questão do “shopping”, que alguém, num certo momento, disse que, como a maioria dos moradores do entorno era contrária à formação do Bairro Iguatemi, ele poderia simplesmente ficar reduzido ao espaço do “shopping”. Eu quero dizer que não tenho nada contra o “shopping”, porque, de fato, ele produz emprego, é importante para aquela região, mas eu entendo que um bairro ser reduzido ao espaço do “shopping” seria uma anomalia, porque seria contrário ao próprio conceito de bairro, que nós entendemos que é um conjunto de moradores que tem uma identidade histórico-cultural, e daí não teria apenas um comércio. Então, isso seria uma espécie de anomalia.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA:  Com relação ao aparte que concedi  ao Ver. Décio Schauren, que veio fortalecer nossa posição, nós não somos contra a iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn. Achamos uma iniciativa justa, inclusive do próprio nome, mas devemos respeitar a legitimidade da mobilização da comunidade, devemos respeitar a história cultural dos moradores das demais regiões além do entorno do “shopping”. Fora isso, temos em mãos uma série de documentos de apoio das entidades comunitárias da região. Temos, também, a posição da comissão técnica da Câmara, dando aprovação ao Projeto do Ver. Juarez Pinheiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Queremos registrar a presença do 2º Suplente do PSDB, Ver. Nede Soares.

A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para discutir.

                                                                            

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero destacar a importância da aprovação do Projeto do Ver. Juarez Pinheiro nesta Casa, nesta manhã. Considero e quero compartilhar com meus colegas que, aprovando este Projeto, estamos resgatando a própria Lei Orgânica Municipal, visto que o legislador constitucional que atuou no sentido de compilar a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre estabeleceu claramente, no art. 8º, XII, como já disse o Ver. Juarez Pinheiro,  que “compete ao Município privativamente criar, organizar e suprimir distritos e bairros, consultados os munícipes”. E aqui, Srs. Vereadores, é que reside o motivo principal pelo qual nós temos a obrigação, nesta manhã, de aprovarmos o Projeto proposto pelo Ver. Juarez Pinheiro.

Ocorre que a comunidade não foi consultada e que nós não podemos estabelecer uma caminhada que determine a jurisprudência de que milhares de pessoas não sejam consultadas e que, no seu local de moradia, a denominação com a qual historicamente se identificam, que foi construída, trabalhada dentro das escolas, nas feiras, que os pequenos comerciantes colocaram em seus materiais de publicidade, de propaganda, que tudo isso seja modificado sem que esses que fazem a verdade de bairros da nossa Cidade tenham-se pronunciado.

 Aqui, falamos de uma região inteira, da Chácara das Pedras, do Jardim Ipiranga, do Passo D’Areia, da Vila Jardim, de trabalhadores e moradores antigos, de pessoas que viram esses bairros se conformarem como são hoje, que conhecem a  história das localidades e que contribuem para que Porto Alegre tenha essa diversidade, essa riqueza, essas diferentes nomenclaturas que, enfim, são parte da nossa própria história. Como podemos romper com a nossa própria história, sendo ela a nossa própria identidade? Não podemos, Srs. Vereadores. Estão corretos os moradores que  trazem esse apelo à nossa Casa. O Projeto é assinado pelo Ver. Juarez Pinheiro, mas as associações, os grupos vivos, os pequenos comerciantes, os moradores deram a sua opinião: os seus bairros têm que ser mantidos com os nomes originais. Por isso, devemos aprová-lo.

 Digam os Senhores que o processo inteiro nos levou a erros, e erramos. Eu mesma, não tendo votado favoravelmente em nenhum momento, incorporo-me à instituição Câmara Municipal e acredito que erramos aprovando esse Projeto e derrubando o Veto do Sr. Prefeito. Até porque, se caminharmos por essa trilha, ela nos levará ao caminho contrário do que ocorre nos dias de hoje. O que ocorre nas grandes empresas?  Elas fazem a estratégia de “marketing” ao contrário: o Shopping Praia de Belas adotou o nome da avenida; o Shopping Rua da Praia adotou o nome de uma via  tradicional da nossa Cidade; o Shopping Cristal fala em adotar o nome do bairro. Ao contrário, o Ver. Isaac Ainhorn propõe que os bairros todos adotem o nome do “shopping”! Então,  os empreendedores com visão de futuro, com visão de “marketing” nesta nova época, adotam os nomes das localidades! É exatamente ao contrário; e devemos incentivar isso.  Devemos incentivar que os empreendedores reconheçam a história da nossa Cidade, o que é importante. Agora o Shopping Iguatemi se colocou aqui, observando a nomenclatura nacional. Respeito a nomenclatura nacional, mas ele fez uma opção, mas não devemos nós, Srs. Vereadores, fazer essa concessão sob pena de termos, daqui a pouco, o Bairro Carrefour no lugar do Bairro Partenon, de termos o Bairro RBS. E essas empresas nunca nos pediram, nunca desejaram isso, nunca se manifestaram. Ao contrário,  nós aqui penalizamos os moradores por algo que não foi solicitado.

Quero concluir dizendo que, com mais tempo, talvez pudéssemos mostrar os equívocos, dentro do processo, que nos levaram ao erro, mas apelo aos Srs. Vereadores que possamos garantir que a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, que nós juramos, permaneça valendo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ninguém, na verdade, pode dizer que o Ver. Isaac Ainhorn ou qualquer outro Vereador deste Plenário não tem competência para propor uma alteração de um nome de um logradouro ou de um bairro. Existiu uma falha, dentro do processo, que foi detectada, que é o problema da consulta. Essa falha, Ver. Juarez Pinheiro, na verdade, não é uma falha do autor da proposta e, sim, da legislação desta Casa. Se V. Exa. verificar a legislação que nós temos, verá que  não possuímos nenhum instrumento legal, quando da mudança de nome de bairros, para fazer as consultas. Nos logradouros, temos um instrumento da Casa que diz que temos que fazer um plebiscito, aliás, um plebiscito que  foi, uma vez, proposto por este Vereador nesse caso do Bairro Iguatemi. O plebiscito, que nós aprovamos e que é uma lei, apresenta muitas dificuldades e obstáculos, inclusive no plano econômico, porque quem tem que suportar o ônus do plebiscito é a Casa,  e isso o  torna inviável.

 

O Sr.  Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A questão da consulta popular suscitada por V. Exa., não só nesta vez, mas em outras ocasiões, é da mais alta relevância. Eu só acho que isso pode dar um ponto final a essa questão. Creio não haver óbice legal nenhum a que esta Casa defina um processo de consulta àquela comunidade e que faça uma intervenção direta da representação política da Cidade de Porto Alegre, daquilo que é mais importante na vida da Cidade, que é o seu Poder Legislativo expressando a democracia representativa, e que se faça a consulta àquela população - se ela quer ou não. Nós, como democratas, nos curvaremos. Convoco, também, o Ver. Juarez Pinheiro a suspender a tramitação do processo para que isso possa ocorrer.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, V. Exa., tenho certeza, como membro do Partido Trabalhista Brasileiro, não está defendendo dessa tribuna - e eu queria questioná-lo sobre sua necessidade - a consulta popular. Acredito que não por razões de ordem política, e, como Bacharel em Ciências Sociais, sabe do que consta no art. 8º, II. Aliás, o próprio Ver. Isaac Ainhorn deixa claro que é necessário que haja consulta popular. Eu gostaria, até por sua trajetória nesta Casa, que V. Exa., na ânsia de defender a proposta no sentido contrário ao que eu penso, não cometa a heresia de achar que a população não deva ser consultada, até porque, quando V. Exa. propõe nome de rua, V. Exa procede, mesmo que sumariamente, a uma consulta popular. Faço isso até para colaborar com V. Exa. para que não fique nos Anais desta Casa a mácula  na sua trajetória de que não seja preciso ouvir a comunidade.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu agradeço a V. Exa. por sua preocupação, mas jamais este Vereador expressou seu pensamento no sentido de que, para alterar um nome de um bairro ou de um logradouro, não se precisasse fazer uma consulta, tanto é que este Vereador já colocou para tramitar nesta Casa uma outra proposta para viabilizar que esta consulta possa ser feita de uma maneira efetiva, inclusive colocando percentuais para serem consultados e para que a população possa manifestar o seu desejo, através de ampla maioria, no sentido de fazer com que essas mudanças possam se tornar possíveis.  Agora, o que estamos dizendo, e o Ver. Juarez Pinheiro me entendeu bem, é que a Casa não possui estes instrumentos atualmente. E V. Exa sabe, porque é conhecedor da legislação que temos dentro do Município, que a Casa, no momento, não possui este instrumento legal para que a consulta possa ser verificada. Não é vontade deste Vereador que a alteração se dê sem a consulta. É vontade deste Vereador que possamos ter uma legislação  que possa nos abrigar com relação a esses pleitos que, muitas vezes, vêm da comunidade e muitas vezes vêm de dentro deste Plenário, endereçado para que a comunidade possa se manifestar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Vera. Maristela Maffei, em tempo cedido pelo Ver. Gerson Almeida.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN (Questão de Ordem): Já que foram referidas consultas à população através de abaixo-assinados, tanto pelo Ver. Juarez Pinheiro quanto pelo Ver. Isaac Ainhorn, pergunto a V. Exa. se existem cópias nos autos do processo.

 

O SR. PRESIDENTE: É um requerimento, não uma questão de ordem.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI:  Sr. Presidente, Sras e Srs. Vereadores, comunidade presente, comunidade representada através de suas associações e comissões, pela qual tenho profundo respeito. Gostaria de dizer que esta Casa, neste dia,  está tendo um momento ímpar de aprendizado. Ainda bem que nós, enquanto parlamentares, temos capacidade de assimilar, trazer para nós como um aprendizado. Não podemos fazer uma inversão daquilo que podemos potencializar.  O que é potencializar? É fazer com que de fato a cidadania se faça  em todos os segmentos. Este País, que tem se preocupado tanto com a saúde do poder econômico e não tem se preocupado com a saúde do cidadão, tem que abrir a mente e entender que nos países desenvolvidos todos os segmentos são ouvidos e são, inclusive, incentivados na sua organização. Quer dizer: no aspecto econômico, todos nós temos que estar de acordo, mas no aspecto organizativo se torna estranho esse aprendizado e essa vontade que todos os segmentos têm de serem ouvidos, principalmente quando  diz respeito às comunidades envolvidas. Eu moro no outro lado da Cidade, mas isso não interessa. A cidadania tem de ser exercida em todas as pontas, em todos os lugares da nossa Cidade, do nosso País. 

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o maior exemplo do que acontece com a comunidade, principalmente aquela que sempre é deixada na periferia das discussões, é o Orçamento Participativo. Ora, nós somos capazes de gerenciar investimentos da nossa sociedade, claro que com muitos problemas, mas aí é que está a questão principal. A democracia não é fácil de ser exercida, por isso tem de ser ouvida por todos. Se no Orçamento nós conseguimos levar até a última instância, quando não concordamos com o  encaminhamento, por que que aqui, nesta Casa, que diz ser a representante do povo, não  vão ser ouvidos todos os segmentos?

É por isso que me inscrevi, para dizer a esta comunidade que tem toda a solidariedade de alguém que também como vocês aprendeu a fazer política dessa forma e que não é porque estou aqui que vou fazer Pedido de Informações sobre uma pavimentação, quando sei que isso tem que ser discutido naquele fórum; ou pedir linha de lotações, quando isso tem que ser discutido lá, com toda a comunidade. Aqui temos que discutir projetos que dizem respeito a toda a Cidade, depois de estarem esgotados todos os procedimentos necessários. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação (Pausa.) A votação será nominal por solicitação dos Vereadores  Isaac Ainhorn e Luiz Braz.

Passo a direção dos trabalhos ao nosso Presidente Clovis Ilgenfritz.

         

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): (Após a chamada.) APROVADO por 17 votos SIM, 06 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.

Em votação Emenda nº 01 ao PLL 070/97. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Requeiro, já tendo consultado alguns Vereadores do Plenário, que nós invertamos a pauta e entremos direto nos requerimentos, com prioridade para o Requerimento firmado por algumas Lideranças e que já foi objeto de debate hoje, de apoio às medidas de investigação, feitas pela Assembléia Legislativa, no caso do novo DETRAN.

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação o Requerimento do Ver. Gerson Almeida. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse Requerimento faz com que se inverta a Ordem do Dia e se iniciem as discussões de requerimentos, dando ênfase a um assunto já comentado na Casa, no dia de hoje, que se vincula ao assunto do DETRAN sobre as implicações decorrentes de publicações feitas  no “Correio Brasiliense”. Sabemos qual o sentido desse Requerimento e o seu objetivo. Não somos de fugir da raia. Admitimos a discussão em qualquer terreno. O que pretendemos é alertar a Casa que, invertida a Ordem do Dia, estaremos desprezando qualquer hipótese concreta de votar os projetos que se encontram hoje na Ordem do Dia, dando prioridade à discussão de outros  temas e não àqueles que a pauta havia estabelecido. Essa é uma prática que se torna freqüente aqui na Casa: a priorização dos requerimentos em detrimento dos projetos, regularmente tramitados na Casa e que se encontram em condições de votação.

Dizer “não” ao Requerimento do Ver. Gerson Almeida e outras Lideranças da Casa poderá parecer, aos menos avisados, que seja uma fuga deliberada nossa da discussão desse assunto que se envolve no cotidiano de Porto Alegre. Em tese, eu sou contra essas inversões, mas, diante das características que se apresentam e diante da circunstância de que existe uma verdadeira orquestração no mesmo sentido e que, quando algo é orquestrado, é preciso que a partitura seja lida com olhos diversos,  para iniciar essa leitura com o nosso enfoque eu capitulo no dia de hoje: concordo com a inversão. Votarei a favor dela, mesmo que houvesse projeto nosso na relação dos que deveriam ser votados. Inclusive, esse projeto vem sendo adiado há mais tempo e nada impede que ele venha a ser votado na segunda-feira.

Espero que seja instaurado debate em torno de denúncias graves que, obviamente, nós, homens públicos desta Cidade, não podemos nos furtar de discutir. Concordo com a inversão para que possamos, imediatamente, discutir o Requerimento prioritário a ser colocado pelo autor da proposta, que pede a inversão  na ordem do exame e na ordem da votação das matérias recolhidas pela Mesa da Casa neste dia. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

                  

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de alteração na ordem dos trabalhos, do Ver. Gerson Almeida. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com o voto contrário dos Vereadores Luiz Fernando Záchia e Cláudio Sebenelo.

Passamos à votação dos Requerimentos.

A Mesa informa que existem três requerimentos de questões relativas à Semana da Câmara que precisamos tentar aprovar para poder liberar o setor de Comunicação e Relações Públicas para fazer os convites e emitir um cartaz.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento n° 180/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida. Requer Moção de Apoio aos Deputados Estaduais que propõem abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar denúncias referentes ao novo DETRAN.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Esclarecimento): Esse é o Requerimento firmado pelas Lideranças do PDT, através dos companheiros do PDT, Ver. Nereu D'Ávila; PSB,  Ver. Carlos Garcia; e PPS, Ver. Lauro Hagemann, assim como os demais Vereadores das Bancadas.

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, instalou-se neste País o regime das CPIs. Qualquer assunto,  qualquer denúncia, comprovados ou não, determinam a criação das condições objetivas para que um ou outro segmento da ação política requeira de imediato ou inicie um movimento no sentido de se instalar uma CPI. Temo que essa prática esteja desgastando fortemente esse instrumento democrático definitivamente consagrado na vida parlamentar. Esse temor se justifica porque a grande opinião pública - não a opinião publicada - fica na expectativa das conseqüências dessas CPIs, entendendo que uma Comissão Parlamentar de Inquérito tenha poderes e prerrogativas que, em verdade, ela não tem.  Uma CPI é exclusivamente uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que levanta informações que são transferidas a órgãos do Judiciário para que esses, a seu talante, assumam ou não aquelas conclusões e providenciem ou não na responsabilização criminal, objetiva, de eventuais pessoas cujas responsabilidades tenham sido levantadas pelo órgão que realiza o inquérito.

A Cidade, o País hoje vive sobressaltado e especialmente frustrado, quando, por exemplo, depois de ter visto por quase um ano, ou mais, senadores discutirem o problema vinculado com os precatórios, vê, nas conclusões da CPI, estabelecer-se a enorme confusão que decorre principalmente porque os atores dessa tragicomédia usaram muito mais do instrumento da CPI para fazer  promoção e divulgação de pontos de vista pessoais. Até alguns integrantes do meu partido, como o próprio Senador Vilson Kleinübing, em decorrência, estão frustrando a opinião pública do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Agora, Sr. Presidente, neste episódio, que nasce de uma reportagem do “Correio Brasiliense”, que divulga opiniões, algumas das quais não são confirmadas pelo próprio entrevistado - o Engenheiro Karan, que ontem, publicamente, negou que tivesse dado a entrevista e tenha dado as informações que lhe foram atribuídas -, com base nessas circunstâncias, se busca, na Assembléia Legislativa do Estado, o estabelecimento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito cujo objetivo, pelo menos do que ouvi de alguns Deputados, seria esclarecer este fato. Isto coincide, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com o anúncio feito pelo Dep. Paulo Odone de que o Secretário da Segurança e Justiça do Estado, José Eichenberg, já se encontra convocado pela Assembléia Legislativa do Estado para, em Audiência Pública, na próxima terça-feira, perante o Plenário da Assembléia Legislativa, oferecer os esclarecimentos que os Srs. Deputados, como fiscais da coisa pública, entenderem devidos para o pleno esclarecimento desta reportagem, destas informações que transitam pela imprensa brasileira a partir da reportagem do “Correio Brasiliense”. Ora, Sr. Presidente, se o objetivo que buscam alguns cidadãos deste País e deste Estado é o esclarecimento desses fatos, nada mais conseqüente, neste esclarecimento, do que ter o Secretário de Segurança e Justiça do Estado perante o Poder Legislativo do Rio Grande, na sua integralidade, sendo dissecado sobre os fatos que lhe são acoimados e sobre os delitos que lhe são inquinados.

 Por isso, Sr. Presidente, eu, que aceito discutir este assunto, não me incluo no rol daqueles que elegeram as CPIs como sendo o elemento pelo qual se esclarecem devidamente os fatos. As CPIs, no Brasil, têm sido frustrantes, não têm levado a nada, não têm esclarecido coisa nenhuma. Têm servido, pura e simplesmente, de palanque eleitoral para alguns que utilizam situações não muito claras para fazerem esse tipo de proselitismo. Com isso, não concordo. Por isso, mesmo não me furtando a discutir esse assunto, espero estar presente na terça-feira, na Assembléia Legislativa, para verificar o debate que ali será instalado com o Secretário Eichenberg, mas nem por isso ficarei solidário com esse apoio que o  Requerimento do Ver. Gerson Almeida pretende com aqueles que querem a instalação de uma nova CPI, que representa uma nova forma de “pizza” no Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que, quando passar um minuto além do tempo previsto, vamos cortar o som. Não quero a fama de bonzinho.

O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  é com orgulho e tristeza que encaminho favoravelmente a esta Moção assinada por vários Vereadores, mas inicialmente requerida pelos Vereadores Gerson Almeida, Líder do PT, Nereu D'Ávila, Líder do PDT, Carlos Garcia, Líder do PSB, e Lauro Hagemann, Líder do PPS, e também assinada pelo Líder do PTB, Ver. Luiz Braz, além de vários Vereadores, entre os quais este que está na tribuna. Por que digo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com orgulho e com tristeza? Com tristeza porque esse é um episódio que a todos nós entristece e envergonha enquanto cidadãos. A gravidade das denúncias com relação à licitação do DETRAN merece uma CPI, mas, ao mesmo tempo, deixa o Estado do Rio Grande do Sul como pioneiro, segundo a imprensa, em uma fraude licitatória, num esquemão financeiro que atinge figuras conhecidas, proeminentes e poderosas da nossa sociedade. Esse é o motivo da nossa tristeza.

O motivo do orgulho é de que esta Câmara, como sempre, representa os interesses maiores do povo rio-grandense, na condição de capital de um Estado que tem história, e não é esta história escrita através de uma licitação que envergonha toda a Nação. É uma história digna, uma história de bravura, uma história de honestidade e uma história, acima de tudo, de compromissos com a honra e com o bem-estar do nosso povo. A Câmara Municipal de Porto Alegre, ao longo dos anos, ao longo da sua existência, tem marcado posição, sim, em episódios como este - aliás, uma Câmara que em 1884, quatro anos antes do País inteiro, aboliu a escravatura. A Câmara de Porto Alegre tem história, meus Líderes, Vereadores Nereu D'Ávila, Gerson Almeida, Carlos Garcia, Lauro Hagemann, Luiz Braz, demais Vereadores, e assim é que se escreve essa história, e é assim que se é coerente.

Esta Moção merece o apoio de todos nós e incentivo, e é, na verdade, uma obrigação que nós cumprimos, e com prazer, mas é uma obrigação que deve ser cumprida. É importante salientar que investigação não é condenação; investigação nem é mesmo acusação; investigação é o método adequado e civilizado para que se apure a verdade e é até possível que esta investigação conclua que todos os que tiveram os seus nomes invocados sejam inocentes. É possível! Agora, é imprescindível que a investigação aconteça. Não é uma acusação e não é uma condenação, mas precisa ser realizada, e Porto Alegre toma a dianteira para mostrar que continuamos, nós, do Rio Grande do Sul, tendo problemas, é verdade, e somos os pioneiros, infelizmente, nesse problema licitatório do DETRAN, o que é uma vergonha, mas somos pioneiros, também, de uma Câmara Municipal pedir ao Poder Legislativo do Estado para que investigue profundamente, que faça e cumpra o seu papel e que deixe todos nós, gaúchos e porto-alegrenses, com orgulho de termos a história que temos e de termos o compromisso que temos assumido permanentemente e, acima de tudo, que tenhamos a explicação definitiva de episódios tão graves de que a Nação inteira está a exigir a elucidação e a explicação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a prorrogação da presente Sessão por mais duas horas. (Pausa.) O Ver. João Dib solicita votação nominal. (Após a chamada.) APROVADA a prorrogação da Sessão por mais duas horas por 19 votos SIM, 01 voto NÃO, 01 ABSTENÇÃO.

Parece que há uma concordância de todos que estão inscritos de fazer três minutos de pronunciamento, até cinco minutos. (Aquiescência dos inscritos.)

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o Req. 180/97.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  queria gizar, sublinhar, enaltecer os dois pronunciamentos anteriores, do Ver. Reginaldo Pujol e do Ver. Pedro Ruas, os quais considero irretocáveis. Apenas a minha intenção é de votar a favor do Requerimento porque tenho a certeza absoluta que o Secretário José Fernando Cirne Lima Eichenberg não tem medo de uma CPI. E votar contra seria absolutamente confessar antecipadamente um ilícito que ele não cometeu, até porque a licitação ainda nem terminou, está-se desenvolvendo. Isso em primeiro lugar.

Segundo, é muito fácil atirar um travesseiro de penas, como aconteceu com o Governador Collares, que sofreu uma investigação de toda a sua vida e, no entanto, não aconteceu nada naquela CPI. O Governador foi declarado inocente. Da mesma forma agora, se houver qualquer problema de qualquer ordem do ponto de vista da licitude da concorrência ou do programa de renovação do DETRAN, que, indiscutivelmente, trouxe problemas muito importantes para a sociedade na sua etapa anterior. Nada a ver com os policiais civis; ao contrário, quero ressaltar que os policiais civis têm um magnífico serviço prestado e não são os responsáveis pelas mazelas da instituição, muitas vezes flagradas por outras pessoas que nada tinham a ver com a corporação. Não é possível mais, hoje em dia, se conviver com esse tipo de denuncismo, sem que haja provas. Se as provas podem ser buscadas através de uma CPI, que se busquem as provas.

 Vou votar a favor do Requerimento, Ver. Gerson Almeida, principalmente porque tenho certeza de que muitas pessoas honradas, acusadas hoje, vão se sair muito bem desse momentoso assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

                       

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o respeito que tributo ao Ver. Pedro Ruas fez com que eu me inscrevesse para encaminhar o Requerimento. É  que, ao início do seu pronunciamento, o nobre Ver. Pedro Ruas praticamente dava  o resultado da Comissão Parlamentar de Inquérito com todas as pessoas citadas culpadas, mas exatamente a sua inteligência, ao final, colocava de forma diferente.  A Comissão Parlamentar de Inquérito vai localizar o culpado, se houver, mas também vai ressaltar a inocência de quem, eventualmente, foi acusado. A Comissão Parlamentar de Inquérito, segundo  o Ver. Pedro Ruas, que me fez vir a esta tribuna, há de dizer se está certo ou errado o que está acontecendo, porque há nomes extraordinariamente respeitados neste Estado que estão sendo vinculados e que não ficaria bem, antes de mais nada, estarmos falando sobre os resultados da Comissão.

Espero que haja uma Comissão e que ela, realmente, defina culpados, se houver,  mas que ressalte a inocência, se for o caso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, achamos que, ao votar essa proposta, a Casa dará uma grande demonstração de buscar a transparência, porque o  DETRAN foi votado em agosto e sabemos que ele foi votado às pressas. Fico muito satisfeito, porque um deputado do Partido Socialista Brasileiro, Dep. Beto Albuquerque, sistematicamente estava falando sobre esse assunto e até alguns entendiam que o Deputado estava levando para o lado pessoal no momento em que ele solicitava a exoneração da Diretora do DETRAN.

Ontem,  o “Correio Brasiliense”  deu aquele grande furo, que nenhum jornal gaúcho infelizmente noticiou, mas hoje todos noticiam. E agora nós, como Legislativo, vamos dar um respaldo para a Assembléia no sentido de que essa Comissão seja instalada o quanto antes e que a verdade e a transparência possam, mais do que nunca, serem resgatadas, porque aí, sim, vai mostrar a moralidade do Legislativo do Rio Grande do Sul.  Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra, para encaminhar, o Ver. Gerson Almeida.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quero dizer, primeiro: esse é um Requerimento feito por várias lideranças partidárias; segundo: esse Requerimento não está sustentando que os denunciados sejam culpados, porque acho importantíssimo que se preserve a honra das pessoas em qualquer hipótese; terceiro: esse Requerimento está sustentado no princípio da necessidade de se investigar e no direito de investigação. Essas são as três questões que gostaria de colocar de forma clara e imperativa.

 As Bancadas do PT, do PDT, do PSB, do PPS e também do PTB, assim como o Ver. João Dib e tantos outros Vereadores que aqui falaram, como o Ver. Reginaldo Pujol, parece que são um bom exemplo de que as denúncias, fundamentadas, baseadas em dados e articuladas, precisam ser investigadas, pelo interesse público e pelo interesse particular das pessoas diretamente envolvidas, para terem o direito de defesa, porque nada pior do que uma denúncia que fica colocada e, se o processo não existe, as pessoas não podem se defender.

É isso que quero dizer. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre já tem tratado desse tema, assim como outros Vereadores, como o Ver. Cyro Martini e tantos outros têm tratado a questão do novo DETRAN como ponto dos seus mandatos, assim como tem feito o Dep. Beto Albuquerque, na Assembléia. A oportunidade  é agora, e o Poder Público Estadual e a população devem ver investigada essa situação “tim-tim por tim-tim”.

Quero repetir: esse processo do DETRAN coloca sob suspeita o conjunto das privatizações em curso feitas pelo atual Governo. Isso precisamos afirmar e ver se é verdade ou não. Essa é a minha posição. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na verdade eu estava inscrito antes de todos os Vereadores que já vieram a esta tribuna, mas não vi problemas maiores em ceder o meu lugar de “pole position” nesses encaminhamentos para ficar numa posição derradeira, porque eu queria ouvir de algum dos Vereadores algum comentário, por exemplo,  a respeito daquilo que os jornais divulgam.

Hoje se falou muito no “Correio Brasiliense”. Muitos fatos que os jornais divulgam não são verdadeiros ou são controversos. E eu vejo hoje, na página dos editoriais de “Zero Hora”, o Cônsul de Luxemburgo para a Região Sul fazendo alusão ao ex-Prefeito de Porto Alegre, Dr. Tarso Genro, dizendo que os fatos que o Dr. Tarso Genro divulgou em seu comentário no jornal “Zero Hora” eram absolutamente infundados com relação àquele país europeu. Imaginem V. Exas.: se alguém com a posição que ocupa o Dr. Tarso Genro pode assacar inverdades contra um país europeu, o que poderá acontecer aqui com outras pessoas que não ocupam posição tão privilegiada, em matéria de “status”, dentro da agremiação petista?

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu gostaria muito, Vereador, com todo o respeito que tenho por V. Exa., mas não posso conceder o aparte.

Então, eu acredito que aquilo que é divulgado pelos jornais não deve ser levado ao pé da letra. E eu sou favorável a que as CPIs possam se instalar quantas forem necessárias para se averiguar  a verdade dos fatos. Aliás,  tenho notado aqui, nos últimos tempos,  que o partido que representa o Governo tem um medo muito grande de CPIs. Ele gosta muito, na verdade, de pedir CPIs quando estas dizem respeito a outras administrações ou a outras pessoas. Eu vejo que existe um medo muito grande quando se fala em investigar as administrações petistas. E esse medo, inclusive,  ficou bem constatado quando, por exemplo, o próprio PT resolveu investigar o Lula, isto é, o próprio PT resolveu investigar o PT. Mas quando um outro partido diz que vai abrir uma CPI para fazer a investigação, o PT é contrário.  Nós, aqui, somos favoráveis sempre, e somos favoráveis também a que aquela CPI, na Assembléia Legislativa, possa ser instalada para averiguar a verdade desses fatos, se eles são realmente verdadeiros ou se são mentirosos. Mas eu sei que o que quer o PT não é a verdade dos fatos. O que quer o PT é utilizar essa CPI como instrumento político para desestabilizar o Governo do Estado. É isso que quer o PT. Mas tenho confiança em que existem alguns Deputados que vão lutar para não permitir que esta CPI possa ser utilizada simplesmente como instrumento político. E é exatamente nesta confiança que vamos votar favorável  a esta Moção de Solidariedade, para que aquela CPI possa ser instalada na Assembléia Legislativa. Mas que o PT, aqui, perca este medo de ser investigado a fim de que possamos realmente ter esses instrumentos da democracia utilizados de uma forma mais coerente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem, participava de um programa de rádio, juntamente com o Ver. Cláudio Sebenelo e o Dep. Bernardo de Souza, onde o assunto eram as denúncias do “Correio Brasiliense”. Naquele momento, eu dizia, claramente, que era  favorável a uma abertura de CPI, porque entendo que, se existem denúncias consistentes, e para que possamos ter um julgamento mais apropriado, elas devem ser averiguadas.

 À noite, assistia, como diversos aqui assistiram, ao programa “Conversas Cruzadas”, da TVCOM, e comecei a mudar um pouco o meu posicionamento, porque o Engº Jorge Karan que era, conforme o “Correio Brasiliense”, a pessoa que oferecia as denúncias, no programa da TVCOM  começou a se desdizer, que não era bem assim, que o Sistema do NST não era aquilo que foi publicado  no jornal. Ele começava a negar as informações dadas ao jornal. O jornal, na sua edição de hoje, começa a colocar o Engº Jorge Karan como suspeito, dizendo que ele nega o que em sua primeira entrevista afirmava, diante de duas testemunhas. Ora, se a pessoa a qual ouvia, assistia na televisão, começava a negar, no todo, as denúncias - para mim extremamente sérias -  envolvendo pessoas de credibilidade, reconhecidas publicamente pela sua honestidade, principalmente o Secretário José Fernando Eichenberg... Sabemos que essa área é muito conturbada - o Ver. Cyro Martini foi um dos grandes dirigentes dessa área -, quando enfrenta os seus problemas, principalmente uma situação salarial que hoje existe. O posicionamento do Secretário Eichenberg é contrário à categoria. Sabemos que existe uma pressão da categoria, o que  é normal, até a sustentação e alimentação de denúncias, muitas vezes infundadas. Sabemos que o Engº Eichenberg é uma pessoa correta, honesta, mas,  se está enfrentando denúncias, compete à Assembléia Legislativa averiguar essas denúncias para que possamos ter o bom nome do Secretário Eichenberg e, conseqüentemente, o bom nome do Governo resguardados.

Eu ficava preocupado quando via a pessoa que denunciou começando a negar as denúncias feitas ao jornal. Talvez, me faz pensar que uma CPI, de imediato, não seja o caminho, não que eu seja contrário à CPI - acho que tem que ser averiguado. Só entendo que, de imediato, não seja o melhor momento porque, na terça-feira, agora, o Secretário José Eichenberg vai na Assembléia Legislativa depor. Ora, se esse  depoimento do Secretário Eichenberg for insuficiente, for um depoimento que mereça ser, de uma maneira ou de outra, averiguado e aprofundado, aí sim a CPI se faz necessária, até para que possamos resguardar o nome do Governo do Estado e, principalmente, o nome das pessoas que estão envolvidas, porque não estou preocupado com concunhado, com a prima, e sim com o  envolvimento de Secretários, com o envolvimento desse instituto no esquema do DETRAN.

Agora, para que nós pudéssemos ter a serenidade que o momento merece, entendo que deveríamos esperar a terça-feira, quando haverá o depoimento do Secretário Eichenberg na Assembléia. O que nós estamos fazendo hoje postergaríamos para quarta-feira, na Sessão. Aí, sim, terá  consistência. Se o depoimento for insuficiente, se os Deputados que lá estão e representam todos esses partidos que aqui têm assento, nesta Câmara,  entenderem que as argumentações e os motivos do Secretário Eichenberg forem insuficientes, aí sim essa Moção de Apoio proposta pelo Ver. Gerson Almeida será oportuna. Por isso penso que ela deve ser retardada para quarta-feira, pois será realizada em cima do momento certo.

Hoje, o “Correio Brasiliense” é diferente do de ontem. Vejam - a notícia começou nesse jornal - que a matéria já é um pouco diferente; já não é bem o que foi ontem.  Acho que a prudência me parece necessária. Não que eu seja contrário ao que está sendo proposto, pois entendo que sempre devem ser investigadas todas as denúncias.  O depoimento do Secretário na Assembléia já é uma investigação. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Gerson Almeida. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, peço verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação o Requerimento nº 180/97. (Após a chamada.) APROVADO por 19 votos SIM, 01 NÃO.

 Requerimento n° 182/97, de autoria da Mesa Diretora, solicitando autorização para que a Sessão Ordinária do dia 3 de setembro 1997 seja realizada nos altos do Mercado Público.

A Mesa esclarece que existe uma proposta dos assessores de Relações Públicas, de Comunicações e da própria Mesa de fazer uma sessão aberta durante a Semana da Câmara; não se trata de qualquer sessão, mas, sim, uma sessão ordinária com a visão de divulgar a Câmara ao grande público. Teremos que montar uma infra-estrutura. Já existe uso do local por outras entidades e foi constatado que funciona. O grande público que está circulando ouve os alto-falantes e vai lá assistir. Seria uma sessão normal. Depois teremos que fazer uma reunião com a Diretora Legislativa e Lideranças para ver que assuntos vamos tratar. É uma forma de dizer que a Câmara existe.

 

O SR. JOÃO DIB:  Penso que deveria ser melhor estudada a idéia.

 

O SR. PRESIDENTE:  A Mesa precisa da autorização para poder estudá-la. A idéia  está sendo discutida para, no futuro, após esta Semana da Câmara, fazermos reuniões da Câmara nas oito regiões do Plano Diretor. Não temos claro, ainda, se seriam sessões ou reuniões. Acho que serão reuniões, mas essa seria uma sessão.

 Em votação o Requerimento n° 182/97. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO,  contra o voto do Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento n° 177/97, de autoria do Ver. Cyro Martini: Moção de Solidariedade com o Deputado Estadual Beto Albuquerque  pelos seus pronunciamentos e providências acerca da autarquização do DETRAN.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vem à discussão uma Moção de Solidariedade com o Deputado Estadual Beto Albuquerque pelos seus pronunciamentos e providências acerca da autarquização do DETRAN. Evidentemente que não desconhecemos que o Dep. Beto Albuquerque tem tomado uma série de posições na sua obstinada atuação como homem de oposição ao Governo Antônio Britto. Agora, Sr. Presidente, estamos numa discussão se somos solidários com os pronunciamentos. Estes, colocados no plural, identificam existência de mais de um pronunciamento, de vários pronunciamentos que não sabemos quais são, porque não constam aqui do projeto para se saber quais são. Então, eu quero dizer, Ver. Garcia, que eu vou votar esta matéria meio às cegas, porque eu fico imaginando com qual dos pronunciamentos do Deputado se quer ser solidário. Eu já ouvi alguns pronunciamentos do Deputado com os quais eu posso me solidarizar e já ouvi tantos outros pronunciamentos seus com os quais eu não tenho condições de me solidarizar.

Nós estamos diante de uma matéria vasta, ampla, enorme. É uma avenida larga, daquelas com quatro mãos que vão e quatro que vêm. Pronunciamentos de um Deputado atuante, como o é o  Dep. Beto Albuquerque, não são um, não são dois, são vários. É raro o dia em que a nossa imprensa não registra um pronunciamento do Dep. Beto Albuquerque. É raro o dia em que a imprensa não tem uma notícia a respeito de uma posição do Dep. Beto Albuquerque, que, inclusive, nessa matéria do “Correio Brasiliense”, é um dos que aparece aqui e acolá, numa matéria montada pelo jornalista que a fez. Nos cantinhos aparece: “Disse o Dep. Beto Albuquerque”. Aí vejo uma  opinião do outro lado: “Disse o Dep. Beto Albuquerque”.  Não deixa de ser uma forma de pronunciamento. Se eu chegar aqui e disser duas palavras, eu estou me pronunciando. E o Dep. Beto Albuquerque não costuma dizer duas palavras; existem duas mil ou dois milhões de palavras nos seus pronunciamentos de rádio ou de televisão, na Assembléia Legislativa do Estado, em pronunciamentos feitos em Passo Fundo, em Santa Maria e em todo lugar do Estado onde ele, como Líder - acredito até que ele seja o Presidente do Partido Socialista Brasileiro no Rio Grande do Sul, se não me engano, Vice-Presidente do Partido Socialista Brasileiro do Brasil -, o faz em todos os momentos, de toda ordem. Às vezes faz pronunciamentos, por exemplo, dizendo que o grande líder socialista Miguel Arrais não representa a sua posição. Ele é outro socialista.

Então, Srs. Vereadores, votar  favoravelmente uma matéria vaga é um ato de irresponsabilidade. Como é que eu vou me solidarizar com alguém a favor de seus pronunciamentos sobre o DETRAN? Eu não sei quantos pronunciamentos fez, nem onde fez, nem quais são os que queremos dar solidariedade. É inespecífico, é vago esse Requerimento.

Então, com todo o respeito ao requerente - Ver. Cyro Martini -, eu quero declarar para que conste nos Anais da Casa que o Dep. Beto Albuquerque faz tantos pronunciamentos,  que até existem alguns com os quais eu posso me solidarizar e que há vários outros com os quais eu jamais me solidarizaria. Por isso, Sr. Presidente, eu sustento a inexistência de condições objetivas para que esta Casa decida sobre esse Requerimento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Cyro Martini para encaminhar.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, entendo eu que, por dever de justiça, promover moção no sentido aqui indicado, por causa dos seus pronunciamentos formais e informais e das suas acertadas e legítimas providências acerca da autarquização do DETRAN/RS e da terceirização dos serviços dessa repartição estadual, por causa dessas manifestações o Dep. Beto Albuquerque merece o nosso reconhecimento como alguém que se dedica com cuidado, com denodo em favor da causa e da moralidade pública. Nós não podemos admitir que cidadãos, sejam eles ou não ocupantes de cargos na Administração Pública do Estado, dirijam agressões morais contra quem quer que seja e fique o dito pelo não-dito, ou então que se desmanche, se enxovalhe,  se acabe e se denigra de vez com a honra e a dignidade de muita gente que prestou relevantes e valiosos serviços no velho DETRAN/RS, velho com muito orgulho e satisfação.

Por isso entendo que essa Moção de Solidariedade, que não foi elaborada por mim hoje, mas há um certo tempo, merece o nosso reconhecimento e a nossa aprovação. Hoje teríamos, entretanto, que estender essa Moção de Solidariedade e Apoio, pela iniciativa parlamentar, a outros Deputados. E não poderia deixar, por razões de justiça, de mencionar aqui também o nome do Deputado Pompeo de Mattos, como também de todos os integrantes da Bancada do meu partido, do PT, a iniciar pelo Líder Flávio Koutzii.

Por isso, entendo, para registrar nos Anais desta Casa, legítima e devida esta Moção de Solidariedade. Quero, de outra parte, estranhar que o nobre Ver. Reginaldo Pujol não saiba quais são os pronunciamentos acerca da autarquização e terceirização do DETRAN. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Levantamos, como preliminar, quando estivemos na tribuna, de que, como se pede solidariedade aos pronunciamentos do Dep. Beto Albuquerque,  não existem esses pronunciamentos aqui e, nessas condições, não temos como votar algo inespecífico, quando se pede uma manifestação objetiva. Tenho que saber a que vou ser solidário. Peço que sejam juntados os pronunciamentos.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa entende que o Requerimento está sustentado pelo autor, da tribuna. Então, a questão do esclarecimento foge às condições da Mesa em exigir esse tipo de coisa. V. Exa., por não estar esclarecido, pode requerer ao autor. Não temos outra forma de agir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Quem coloca a matéria em discussão e votação é a Mesa, não o autor. O autor requer e para requerer tem que haver alguma formalidade. Não estou satisfeito.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está requerendo a juntada dos documentos do Dep. Beto Albuquerque. 

Não há quórum para apurar nenhuma questão, mas consulto o Ver. Cyro Martini da possibilidade de, na próxima Sessão, anexar alguns pronunciamentos. Hoje não há condições de votar, porque não há quórum. Precisamos de 17 pessoas no Plenário e só temos  nove Vereadores - o Ver. Cyro Martini, Ver. Pedro Ruas, Ver. Juarez Pinheiro, Ver. Gerson Almeida, Ver. Reginaldo Pujol, Vera. Maria do Rosário, Ver. João Nedel, Ver. Carlos Garcia e este Presidente.

Não havendo mais quórum, encerro a presente Sessão.

 

(Obs.: Durante a Sessão, foram aprovados os demais Requerimentos constantes da Ata.)

 

(Encerra-se a Sessão às 13h47min.)

 

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